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Zelotes: representante da Mitsubishi nega ter negociado com lobistas

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BRASÍLIA – Em linha com o que já tinha dito outro executivo da empresa, o dono da montadora MMC, Eduardo de Souza Ramos, disse que não interferiu nos contratos firmados com a consultoria Marcondes & Mautoni. Ele e o casal Maurco Marcondes e Cristina Mautoni são alguns dos réus da ação penal da Operação Zelotes, que investiga a possível negociação de medidas provisórias (MPs) para beneficiar o setor automotivo. Nesta sexta-feira termina fase de interrogatórios dos réus na ação penal aberta na Justiça Federal do Distrito Federal.

Eduardo Ramos afirmou que foi o ex-presidente da MMC Paulo Arantes Ferraz quem contratou a Marcondes & Mautoni . Em depoimento na semana passada, Ferraz reconheceu que ele foi o responsável por contratar a consultoria, mas ressaltou que não acompanhava o trabalho de Mauro Marcondes de perto, nem lhe deu autorização para praticar atos de corrupção. Nesta segunda-feira, Eduardo Ramos, dono e 87% da MMC, que fabrica veículos da Mitsubishi no Brasil, disse que o ex-executivo tinha total autonomia para cuidar desse negócio.

— Não intervim de jeito nenhum. Nem nesse nem em nenhum outro contrato – disse Eduardo Ramos sobre a contratação da Marcondes & Mautoni.

Deflagrada em março do ano passado, a Zelotes começou investigando irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Depois, os investigadores também passaram a analisar possível venda de trechos de MPs para beneficiar algumas montadoras, entre elas a MMC e a Caoa, representante da Hyundai no país.

Em resposta a um dos advogados, ele elogiou o currículo de Mauro Marcondes, que já foi vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e tinha pontes com o governo federal. Destacou também que a MMC é pequena em comparação com outras montadoras com maior participação no mercado nacional, que teriam mais a ganhar com as medidas provisórias. Por orientação da defesa, Eduardo Ramos não respondeu as perguntas do representante do Ministério Público Federal (MPF), o procurador Frederico Paiva.

A Zelotes tem 15 réus, entre os quais também está Robert de Macedo Soares Rittscher, presidente da MMC. Até agora, houve uma condenação, por estelionato, de Halysson Carvalho Silva, que pegou uma pena de quatro anos e três meses em regime semiaberto, mas poderá recorrer em liberdade. Ele é acusado de ter sido contratado por lobistas para ameaçar outros lobistas. Isso porque uma parte dos valores negociados na venda das MPs não teria sido repassada conforme combinado previamente. Sobre e-mail enviado por Halysson à sua secretária, com ameaças para que a MMC fizesse o pagamento, Eduardo Ramos disse que tinha um conteúdo absurdo e o comparou a trotes de falso sequestro.

— Uma coisa sem pé nem cabeça, pedindo valores altos – afirmou o dono da MMC, concluindo:

— Não dei nenhuma importância.


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