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Vice-presidente da CPI: pedido de propina era de R$ 1 milhão

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BRASÍLIA— O vice-presidente da CPI do Carf, deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), deu na quarta-feira mais detalhes da tentativa de achaque contra um empresário feita por um deputado federal. Esse parlamentar, segundo a acusação, teria procurado o empresário com pedido de propina para evitar sua convocação na comissão que investiga o Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), como revelou ontem O GLOBO. Segundo Rocha, o deputado teria pedido R$ 1 milhão e dito que o dinheiro seria dividido com outros colegas da CPI.

— O empresário disse que estavam achacando ele e, quando falou que um milhão era muito, o deputado disse que era para ele e outros deputados da CPI. Foi por isso que, na sessão do dia 5 de maio, eu falei sobre isso e disse que não estava à venda. Me acusaram de estar blindando empresários e não era verdade — disse Rocha.

O vice-presidente da CPI voltou a dizer que não pode revelar o nome do empresário porque este lhe pediu segredo. Segundo Rocha, ele conversou com o empresário na casa de um amigo em Brasília. Ao chegar à residência, o empresário pediu ajuda porque estaria sendo chantageado.

CORREGEDOR COBRA ESCLARECIMENTOS

As pressões para sejam revelados os nomes do empresário e do deputado acusado de achacador já começaram. O corregedor da Câmara, deputado Carlos Manato (SD-ES), conversará com Rocha sobre a denúncia:

— Vou analisar o processo. Tenho que ver, inclusive, se é caso só da Corregedoria apurar ou se tenho que acionar a Polícia Legislativa, a Polícia Federal, o Ministério Público. É um fato gravíssimo, é quebra de decoro, se comprovadas as denúncias. Vou chamar o deputado Hildo (Rocha) para conversar. Ele pode não dizer o nome para vocês (jornalistas), mas tem que esclarecer as coisas. O empresário tem que ser chamado para ser ouvido — disse Manato.

O presidente da CPI do Carf, Pedro Fernandes (PTB-MA), enviara em 10 de maio deste ano um ofício à Corregedoria, após a “Folha de S.Paulo” ter publicado nota com suspeitas de achaque de empresários na CPI do Carf. Segundo Manato, a nota era genérica, por isso a investigação não avançou.

Líderes partidários também cobraram ontem que Rocha revele os nomes do empresário e do deputado.

— É uma denúncia gravíssima e tem que ser investigada pelos órgãos da República. Os nomes têm que ser revelados — disse o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA).

O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), também defendeu a revelação dos nomes, sob o risco de “todos da comissão” ficarem sob suspeita.

Segundo Pauderney, já estavam circulando boatos na Câmara de que esse tipo de atitude estaria sendo praticada na CPI do Carf . Por isso, a denúncia feita por Rocha deve ser apurada.

DEPUTADO DEFENDE CONVOCAÇÕES

O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), também quer a divulgação dos nomes:

— Ele (Rocha) disse que o empresário não quer se identificar, mas isso é de interesse público. Ninguém procura um deputado para fazer esse tipo de denúncia e fica no ar, sem prova material. Sabemos o histórico da Câmara em outras CPIs, é importante que tudo se esclareça — afirmou.

Para Valente, é preciso também que se apure as irregularidades do esquema de corrupção no Carf. Ele disse que o PSOL é favorável à aprovação dos requerimentos de convocação.

— Muitos alegam que não se deve aprovar convocações porque isso mexe com a economia, a Bolsa de Valores, mas exatamente 20 grandes empresas mexeram com 19 bilhões de reais, e é preciso apurar, chamar os presidente do Banco Safra, o Trabuco, do Bradesco,as grandes automobilísticas, Gerdau, RBS. Queremos convocar todos— disse Valente: — O empresário quee se sentir achado deve vir à CPI e denunciar, depor e mostrar sua inocência.


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