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Temer avalia situação de Jucá após divulgação de conversas

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BRASÍLIA – O ministro do Planejamento Romero Jucá disse estar “tranquilo” e descartou pedir demissão do cargo por conta do teor das gravações em que conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. No entanto, o presidente interino, Michel Temer, ainda avalia a situação de Jucá. Nos diálogos gravados, o ministro sugeriu que uma “mudança” no governo resultaria em um pacto para “estancar a sangria” atribuída à operação Lava-Jato. (LEIA A ÍNTEGRA DAS CONVERSAS GRAVADAS)

— Ainda não há uma avaliação — resumiu um interlocutor presidencial.

Temer está no Palácio do Jaburu em reunião com ministros, entre eles, Eliseu Padilha (Casa Civil) para discutir a situação de Jucá. Assim que ficou sabendo do vazamento do áudio, na tarde de domingo, Jucá telefonou ao presidente para comunicá-lo e se explicar sobre a conversa. Segundo pessoas próximas a Temer, ele apenas ouviu o auxiliar e ainda irá analisar o que fazer.

A pessoas próximas, Jucá disse que seu foco é trabalhar para estancar a crise econômica e que não está preocupado com o conteúdo da gravação porque tudo o que disse a Machado, fala constantemente com políticos e jornalistas.

O vazamento da gravação de Jucá com Machado acontece no pior momento para o governo Temer: um dia antes da votação da nova meta fiscal, anunciada na última sexta-feira. Jucá é fundamental para Temer nas negociações no Congresso.

Esta não é a primeira vez que o peemedebista vira alvo de denúncias ao assumir um cargo na Esplanada. Em 2005, o então presidente Lula nomeou Jucá para ministro da Previdência Social. Ele durou apenas quatro meses à frente da pasta. Deixou o governo após denúncias de irregularidades na captação de empréstimo junto ao Banco da Amazônia (Basa). O peemedebista escapou da investigação penal sobre o assunto porque os crimes prescreveram, mas não se livrou do débito. Jucá está sendo cobrado por isso até hoje. Desde o ano de 2000 com ação judicial de cobrança, o Basa tenta receber pagamento do empréstimo que o senador e outros sócios fizeram e não pagaram. No início do processo, a dívida era calculada em R$ 10 milhões.

O interlocutor da conversa e potencial responsável pela gravação, Sérgio Machado, é ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por quem foi indicado em 2003 para presidir a Transpetro. Machado só deixou o cargo no começo do ano passado, em meio à investigação da Lava-Jato. Ele estaria envolvido no pagamento de propina. A denúncia partiu do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que citou Machado como responsável pelo pagamento de R$ 500 mil em propina oriunda de contratos da estatal supostamente superfaturados, entre 2009 e 2010.

Muito ligado à cúpula do PMDB do Senado, três meses antes de se demitir, Machado pediu uma licença da presidência da Transpetro. Sua demissão só foi efetivada em meio á saída de Graça Foster do comando da Petrobras.

MINISTRO DESCARTA DEIXAR O CARGO

Em entrevista à “Rádio CBN” na manhã desta segunda-feira, Jucá disse que não tem intenções de renunciar ao cargo.

— Primeiro, eu não me sinto constrangido (em continuar no cargo de ministro), porque não estou fazendo nada errado. Quanto às investigações, estou muito tranquilo, à disposição para dar qualquer esclarecimento. Numa democracia madura, qualquer um pode ser investigado, se houver alguma dúvida. Não há nenhum demérito em ser investigado, só em ser condenado. E, portanto, não me sinto sem condições de trabalhar, quer seja como ministro, quer seja como senador — afirmou o ministro.

Desde que o senador foi nomeado ministro, os peemedebistas contavam com a possibilidade de ele ser o primeiro alvo da Lava-Jato dentro do novo governo. No entanto, Temer preferiu pagar para ver por considerar que Jucá era o melhor nome para o Planejamento, por conhecer profundamente o Orçamento da União, o que facilitaria o trabalho do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.


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