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Sob escolta da PF, Bumlai será internado para fazer exames em Curitiba

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CURITIBA – O pecuarista José Carlos Bumlai será levado na manhã desta terça-feira para exames no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, autorizados previamente pelo juiz Sergio Moro. A pedido médico, ele deverá ficar internado por pelo menos 24 horas, devido à sedação que será usada nos exames (cistoscopia e biópsia), sob escolta da Polícia Federal. O relatório médico encaminhado à Justiça em fevereiro informou que ele apresentou quadro de hematúrica macroscópica (presença de sangue na urina). No fim da tarde desta segunda-feira o pecuarista foi transferido do presídio para a carceragem da Polícia Federal, de onde sairá para o hospital.

Bumlai apresentava os sintomas antes de ser preso, no dia 24 de novembro passado. Os advogados informaram que ele só não foi internado na data da prisão porque compareceria a um depoimento na CPI do BNDES, em Brasília.

Amigo pessoal do ex-presidente Lula, Bumlai é investigado por ter tomado em seu nome empréstimo de R$ 12 milhões no Banco Schahin. O dinheiro, segundo confirmou em depoimento, era destinado a pagar dívidas de campanha do PT. Em depoimento, o pecuarista disse que não conseguiu recusar o pedido e que os documentos para que assinasse o empréstimo foram levados por representantes do banco na casa dele, em Campo Grande (MS).

Segundo o Ministério Público Federal, Bumlai também pagou por reformas no sítio de Atibaia, em São Paulo, frequentado pelo ex-presidente Lula. Para os procuradores, há indícios de que o sítio pertence ao ex-presidente, que teria sido beneficiado com reformas. Bumlai teria começado a supervisionar a obra de ampliação da casa do sítio, que ganhou quatro suítes em 2010. Como o trabalho estava demorando, teria sido chamada a Odebrecht.

O sítio está em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de Fábio Luis, um dos filhos de Lula. Ao Ministério Público de São Paulo, os advogados afirmaram que o sítio foi comprado a pedido de Jacó Bittar, que ofereceu a propriedade para uso da família do ex-presidente. Lula argumenta que só soube da compra do sítio em janeiro de 2011, depois que já havia deixado a Presidência da República.

Segundo os advogados de Lula, Jacó Bittar teria adoecido e pedido ao filho para fechar o negócio. O dinheiro dado a Fernando pelo pai não teria sido suficiente e, por isso, o rapaz chamou Suassuna para comprar em sociedade.

Os procuradores da Lava-Jato ouviram o antigo proprietário do sítio, Adalton Santarello, antigo proprietário. Ele disse ter sido procurado em 2010 por Jonas e Fernando Bittar. Eles teriam pedido para dar um sinal e pagar o restante após as eleições de 2010. A segunda parcela foi paga com correção.

O sítio custou cerca de R$ 1,5 milhão e a compra foi intermediada por Roberto Teixeira, advogado de Lula. O MPF diz que Santarello informou que Teixeira indicou qual seria o quinhão de cada comprador. O escritório de Teixeira informou que presta serviços para Bittar.

A obra para o sítio teria sido exigida em prazo exíguo e atrasou. Por isso, passou a ser tocada por um engenheiro da Odebrecht, que levou cerca de 40 funcionários. O dono de um restaurante próximo afirmou que todos trabalhavam com uniforme com logotipo da construtora.

Todas as notas de material de construção comprados no comércio local foram pagas em dinheiro e foram feitas em nome de Igenes Irigaray Neto, arquiteto convidado a trabalhar na obra por Bumlai. Os pagamentos em espécie giravam entre R$ 50 mil e R$ 70 mil por semana.


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