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Rollemberg defende muro que separa manifestantes na Esplanada

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BRASÍLIA – As críticas contra o muro erguido na Esplanada, para separar as torcidas pró e contra impeachment, levou o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, a divulgar um vídeo para justificar a decisão. Segundo ele, a divisória foi montada para garantir que todos possam se manifestar livremente e sem confronto.

Rollemberg voltou a dizer que não se manifestará sobre o impeachment porque, como governador de Brasília, poderia “contribuir para um processo de radicalização das posições contrárias”. O PSB, partido do governador, fechou posição a favor do impeachment na comissão especial. Rollemberg vem sendo alvo de críticas na internet por causa da barreira montada na Esplanada.

Batizado de “Muro da Vergonha” e “Muro de Berlim”, a divisória começou a receber cartazes de manifestantes nesta terça-feira. Os recados, pregados do lado da militância que pede a saída da presidente Dilma Rousseff, têm mensagens como “Fora segregação”, “Lula na cadeia” e “- Muro, + Moro”, numa referência ao juiz Sérgio Moro.

Além do próprio “muro”, que mudou a paisagem da Esplanada, um dos principais cartões postais de Brasília, os cartazes pregados chamavam a atenção de quem passava pelo local. Enquanto turistas faziam fotos do local, a escritora Gizele Sousa, vestida de Dilma Rousseff, arrancava gargalhadas de militantes ao encarnar a presidente num discurso a favor do próprio impeachment.

Sob pressão da militância que pede o fim do governo Dilma, a secretária de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal, Márcia de Alencar, reuniu-se, mais uma vez, com os líderes dos movimentos ontem. Ficou decidido que serão permitidos bonecos infláveis grandes, desde que não sejam provocativos, como o Pixuleco, que traz a imagem de Lula com roupa de presidiário, informou a SSP. Nas regras anunciadas no sábado, a pasta havia proibido qualquer tipo de balão.

Outros pontos reclamados pelos grupos são limitações para uso de carros de som — dois de cada lado e dentro de potências definidas — e a própria divisão da Esplanada. Os movimentos pró-impeachment reivindicam o local para protestar por terem solicitado primeiro à Secretaria de Segurança. Eles alegam que, segundo dispositivo constitucional, uma manifestação não pode ocorrer se frustrar outra previamente avisada às autoridades. Dessa forma, defendem que o protesto contra o impeachment seja feito em lugar diverso da Esplanada.

Quanto a essa reivindicação, segundo a SSP, não há mudanças em debate. A barreira, explicou a secretaria, faz parte do planejamento operacional para garantir o direito de manifestação aos dois grupos e, ao mesmo tempo, a integridade das pessoas. A secretaria vem insistindo que todas as regras anunciadas ainda no sábado haviam sido pactuadas pelos líderes dos dois grupos que participaram de diversas reuniões num comitê de “pacificação” criado pela pasta.

NA INTERNET

Nas redes sociais, a barreira montada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para separar as militâncias pró e contra Dilma virou meme. Entre os morados de Brasília, a piada é sobre qual lado escolherão para viver, Ocidental ou Oriental. Uma das ilustrações traz a placa com o o nome do “monumento”: Portão de Rollemburgo. A brincadeira mistura o nome do governador Rodrigo Rollemberg com referência ao Portão de Brandemburgo, símbolo da divisão e reunificação da Alemanha.

Em outra montagem difundida pela rede, o chamado é para um show musical em Brasília: “27 anos depois de ter arrebatado mentes e corações de capitalistas e socialistas em Berlim, o Pink Floyd virá para apaziguar a nação brasileira com este memorável show no Grande Muro da Esplanada!!!” Outra ilustração que viralizou traz a mensagem: “Atenção, militâncias. Observem que, por baixo do muro, há um bom espaço por onde podem ser passadas cartas de amor para o outro lado”.

Em tempos de polarização, o muro também levantou discussões acaloradas sobre o simbolismo de um país dividido. Choveram críticas à barreira. Foi criado um evento no Facebook, marcado para sábado, com o título “Rollemberg: derrube o muro”. O chamado diz: “Brasília não deve ter cor nem lado, não criemos Brasílias Ocidentais e Orientais. Coxinha ou Mortadela, ajude a derrubá-lo”.


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