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Renan diz que Temer está ‘entusiasmado’ com corte de ministérios

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BRASÍLIA – Depois de um encontro de reaproximação com o vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), elogiou a proposta do peemedebista de redução de ministérios e disse que Temer está “muito entusiasmado”. Renan disse que quer ter com Temer – caso ele assuma o comando do país com o afastamento de Dilma Rousseff – a “mesma relação de absoluta independência” que tem com a presidente.

Depois de ontem classificar o ato de “brincadeira”, Renan chamou nesta terça-feira de “lambança” a manobra do presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão, de tentar suspender o andamento do processo de impeachment. Para ele, o impasse atual está “apavorando o Brasil”.

Temer telefonou na segunda-feira para Renan para marcar o encontro. Segundo Renan, ele queria uma conversa pessoal. Além de redução de ministérios, os dois falaram sobre a sessão de votação da abertura do processo de impeachment, marcada para essa quarta-feira, dia 11.

— Ontem, ele telefonou e disse que queria encontrar pessoalmente hoje. Ele perguntou aspectos, detalhes (do impeachment), como é que aconteceria, e eu falei um pouco. Mas ele, fundamentalmente, se reportou à reforma do Estado que ele está querendo fazer, a redução de ministérios, carogs em comissão, funções gratificadas. Ele está entusiasmado — disse Renan.

O presidente do Senado disse que considera “boa” a ideia de diminuição de ministérios, lembrando que sempre defendeu a redução da máquina pública.

— Acho boa, defendemos sempre a reforma do Estado, o corte de ministérios, o corte de cargos em comissão, de funções gratificadas. Ele, na hipótese de assumir, está muito entusiasmado com essa reforma do Estado, que acho oportuna. E a sociedade está esperando isso — disse Renan.

Mas o presidente do Senado disse que não trataram de detalhes, como uma fusão dos ministérios da Fazenda e da Previdência, por exemplo.

— Não tratamos de ministério. O vice-presidente sabe que eu quero ter com ele a mesma relação que tive com a presidente Dilma: uma relação de independência, de absoluta independência, mas especialmente de harmonia. Não é o caso de o presidente do Congresso – e disse isso muitas vezes para vocês – de participar da participação de governo. Acho que isso tira a independência do poder — disse Renan.

Nos bastidores, os aliados de Temer avaliaram que a ação de Renan foi a primeira decisão favorável do presidente do Senado ao processo de impeachment. Até então, ele tinha sempre adotado postura mais favorável a Dilma, tanto que o grupo de Temer o acusava de ter “um lado”.

Mas, segundo um cacique do PMDB, a manobra de Maranhão acabou ajudando Renan a se posicionar, até para se distanciar como presidente do Senado da atuação de um presidente interino da Câmara.

— Foi bom. O Renan teve que mostrar sua diferença em relação ao Maranhão — disse um peemedebista.

O próprio Renan deixou claro isso nesta terça-feira. Ele quer sair do processo com um magistrado, mas sempre administrando o calendário como lhe for mais conveniente politicamente. Renan disse que o Palácio do Planalto nunca teve dúvida da sua “isenção”.

— O governo nunca teve dúvida em relação à minha isenção, ao cumprimento do meu dever. Nunca teve. Como é que o presidente do Congresso, no momento histórico, iria se submeter a referendar uma lambança do presidente interino da Câmara? — disse Renan, enfático.

Ele disse que não poderia aceitar a hipótese de, quase 30 dias depois, querer anular um processo. E disse que pretende conversar com Dilma ainda amanhã e sempre que ela quiser.

— A presidente sabe que, quantas vezes ela precisar falar comigo, ela falará, e com muita satisfação. O meu papel é conversar com todos os atores, ajudar a dirimir dúvidas, levar informações, e, com bom senso, responsabilidade e equilíbrio, encaminhar o desfecho para a situação do impasse que está apavorando o Brasil — disse Renan.


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