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Renan diz que Câmara precisa votar impeachment ‘sem sofreguidão’

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BRASÍLIA – O presidente do Congresso e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira que se deve esperar “sem sofreguidão” pela votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo plenário da Câmara e acrescentou que essa será a votação definitiva, pois aprovará ou não o envio do caso ao Senado. Questionado se o Senado seria ágil na avaliação de um processo de impeachment de Dilma, caso passe na Câmara, Renan disse que o “impedimento tem o seu próprio tempo”, argumentando que há um calendário definido e que tudo será definido em comum acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, nos bastidores, senadores pressionam Renan a não se alongar mais do que o necessário nos prazos, lembrando que, no processo de impeachment de Fernando Collor, o afastamento por 180 dias foi aprovado em 48 horas.

— Tudo na vida tem o seu tempo. O impedimento tem o seu tempo, tem um calendário. Se ele passar na Câmara. ele se submeterá a um calendário no Senado e isso será combinado com o próprio Supremo. O impedimento tem uma data decisiva, que é o domingo: de uma vez por todas a Câmara vai decidir sobre se dará ou não dar autorização para o impedimento. É preciso aguardar sem sofreguidão — disse Renan.

Perguntado sobre as declarações da presidente Dilma Rousseff acusando o vice-presidente Michel Temer de “conspirador”, Renan disse que não comentaria fatos que “apequenem” seu papel como presidente do Congresso. O Palácio do Planalto considera Renan seu principal aliado no Congresso.

— Sinceramente, não devo comentar nenhum fato que apequene meu papel de como presidente do Congresso. Mais do que nunca, o presidente do Congresso tem que ter equilíbrio, responsabilidade, ponderação e colaborar com o interesse nacional — disse Renan.

Renan também não quis emitir juízo de valor sobre o vazamento do pronunciamento de Temer, em que ele fala como se o impeachment já tivesse sido aprovado. Para o senador, o país vive um “momento dramático” e as autoridades envolvidas precisam ter bom senso. Renan e a cúpula do PMDB vêm se estranhando: primeiro, ele criticou o desembarque do PMDB ao governo, comandado por Jucá; e, na semana passada, elogiou a proposta de Valdir Raupp (PMDB-RO), sugerindo a convocação de novas eleições.

— Não estou acompanhando o dia a dia do PMDB, porque meu papel é institucional. Para manter a isenção que o cargo exige, de presidente do Senado, não devo comentar esses fatos partidários. Porque isso, exatamente, desequilibra — disse Renan.

Ele disse várias vezes que agora é preciso manter “o bom senso, a responsabilidade”.

— O Brasil vive um momento grave da sua História, vive um momento dramático da sua História e todos os atores políticos precisam, mais do que nunca, demonstrar responsabilidade. É preciso preservar o Senado, garantir o equilíbrio institucional, defender a Constituição, a democracia. É isso que esperam de mim — disse Renan.

SOB PRESSÃO

A aliados, Renan admite estar surpreso com o crescimento do movimento pró-impeachment entre os deputados, mas julga que ainda não é tão forte. No Senado, a avaliação é que, se for aprovado na Câmara, o processo será praticamente irreversível.

O presidente do Senado pretendia usar fielmente todos os prazos já definidos pelo Supremo Tribunal Federal, o que poderia dar mais tempo a Dilma, mas, principalmente, evitaria contestações judiciais mais tarde. Segundo técnicos, isso poderia levar até 20 dias corridos: a comissão especial tem dez dias para fazer o relatório da admissibilidade. Mas senadores já estão procurando Renan para saber quanto tempo ele levará.

— Não dá para ficar sangrando — disse um senador.

Renan tem irritado Temer e a cúpula do PMDB. Ele está sendo acusado de ter “lado” nesse processo. O novo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), está sendo a ponte entre os dois nesse momento.


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