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Renan diz que aprovação de PEC para novas eleições é ‘meio inatingível’

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BRASÍLIA — Depois de um encontro nesta quarta-feira com o vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), praticamente descartou a viabilidade de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) propondo novas eleições presidenciais. Renan disse que essa ideia é “meio inatingível”, lembrando que são necessários 3/5 dos votos (308 votos na Câmara e 49 votos no Senado), em duas votações, para a aprovação de uma PEC. Renan recuou em relação a sua posição de 5 de abril, quando disse que via “com bons olhos” a eleição geral.

— Qualquer cenário neste momento que signifique alterar a Constituição é muito difícil, porque estamos vivendo um momento de crise, de conturbação politica, econômica. E, mudar a Constituição nesse momento, ter 3/5 dos votos na Câmara e no Senado é sempre difícil. É um consenso meio que inatingível — disse Renan.

MUDANÇA DE OPINIÃO

Renan disse que é muito difícil haver uma interlocução nesse sentido. Na verdade, ele já mudara de posição durante a semana. Mas, há um recuo sobre outras declarações, quando ele falou em plebiscito sobre semi-parlamentarismo, por exemplo.

— Acho muito difícil, por mais interlocução que você tenha, disposição para conversar. É muito difícil mudar a constituição, construir esse consenso em momento de crise, de agravamento — disse Renan, num recuo de suas posições anteriores.

Para Renan, o caminho é a reforma política:

— Há uma convergência entre partidos de que devemos fazer a reforma política. Essa é a melhor resposta que podemos dar para a dramática situação nacional.

No dia 5 de abril, Renan dizia:

— Antecipação da eleição presidencial é uma outra coisa, a tese da eleição geral que está sendo defendida é uma tese mais ampla e pode significar uma resposta da política para o Brasil que continua a demonstrar muita ansiedade.

Nos bastidores, Renan tem dito que não há mais clima político para uma saída desse tipo e que o afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado é irreversível. Ele desabafou, depois de um encontro com Dilma na terça, que “não há mais nada a fazer”. O presidente do Senado não quis dizer a posição de Dilma sobre o assunto.

— Ela não me disse (a opinião). Conversamos sobre cenários. Mais do que nunca, me surpreendi com o bom senso, a estabilidade emocional da presidente — disse Renan.

MOBILIZAÇÃO POR NOVAS ELEIÇÕES

No entanto, senadores do PT se mobilizaram, na terça-feira, para convencer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a defender a proposta de novas eleições junto à Dilma. Segundo um deles, a ideia é que a presidente “lidere esse processo enquanto estiver no cargo”. Se o afastamento for confirmado no Senado, os parlamentares querem que Dilma proponha um plebiscito sobre eleições gerais ou envie uma PEC sobre o assunto antes de se afastar do cargo.

Porém, os petistas sabem que esta seria uma proposta a longo prazo, apostando sua viabilização em um desgaste do eventual governo Temer.

— A gente aposta que o governo Temer dá errado em seis meses. Se isso ocorrer, ninguém segura as Diretas-Já — disse um petista.


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