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Quem são os promotores que pediram a prisão de Lula

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SÃO PAULO e CURITIBA Sorridente, óculos escuros espelhados e camisa da seleção brasileira de futebol. A foto jovial estampa a página em rede social do perfil do promotor público Cássio Roberto Conserino que, aos 41 anos, acaba de pedir a prisão preventiva do ex-presidente Lula. O promotor atua no caso ao lado de José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo.

Com a denúncia de Lula, Conserino confirmou a predição que havia feito à revista “Veja” há dois meses. Pela entrevista em que adiantava detalhes da investigação, o promotor acabou acusado de parcialidade. O Conselho Nacional do Ministério Público, no entanto, não o afastou do caso. Não era a primeira vez que Conserino, cujos amigos na rede social demonstram adesão aos protestos anti-governo do próximo domingo, seria tido como detrator do PT. O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci também foi alvo do promotor. Em 2005, o ex-assessor Rogério Buratti acusou o ex-ministro da Fazenda de Lula de receber propina de uma empresa de coleta de lixo, em Ribeirão Preto. A denúncia de Conserino, no entanto, não foi aceita pela Justiça.

Formado pela Faculdade Católica de Direito de Santos, Conserino ingressou no Ministério Público de São Paulo e se engajou em investigações sobre políticos e crime organizado. Denunciou o envolvimento de um grupo de vereadores e empresários de Porto Ferreira, no interior de São Paulo, que promovia prostituição de menores de idade.Quando atuou em Santos, investigou policiais e advogados, que teriam envolvimento com jogos de azar. Nesse caso, os acusados acabaram liberados e Conserino foi processado e condenado a indenizar um dos presos por dano moral.

Anos depois, já titular do MP na capital de São Paulo, Conserino diversificou suas investigações. Em uma delas, para denunciar a ação de traficantes de drogas que agem na internet, encomendou –e recebeu no Fórum Criminal da Barra Funda– uma série de entorpecentes novos no mercado ilegal. Conserino recebeu por Sedex maconha sintética e pentedrona, duas drogas novas encomendadas pela internet. Comprou, pagou e recebeu no endereço combinado: o Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, maior complexo judiciário da América Latina.

Já o promotor José Carlos Blat levou 10 anos para se formar em Direito, por conta de dificuldades financeiras. Trabalhou como garçom, caixa e chegou a ser gerente adjunto de banco antes de ingressar, em 1993, no Ministério Público do Estado de São Paulo. Em 1998, era promotor em Diadema, um dos municípios mais violentos do estado na época, quando estourou a denúncia da Favela Naval. Ali, policiais extorquiam, humilhavam e espancavam a comunidade, num flagrante desrespeito aos direitos humanos. Quando o caso foi divulgado numa reportagem do Jornal Nacional, Blat entrou na investigação. Prendeu todos os policiais.

O caso mudou a vida de Blat, que passou a ser ameaçado. Atuou no caso da Máfia dos Fiscais, que cobravam propina de ambulantes, e nas investigações contra o crime organizado no estado, que o colocou na lista dos ameaçados de morte pelos criminosos. Chegou a ser investigado pela sua relação com contrabandistas e bicheiros, mas as apurações foram arquivadas sem que ficasse provado qualquer malfeito de Blat.

A pedido de cooperados que foram lesados na Bancoop, a cooperativa dos bancários, começou a atuar no caso em 2007. Era promotor criminal na época e abriu o processo que agora está prestes a ser julgado. Anunciou a denúncia durante a CPI da Bancoop, que investigava o caso na Assembleia Legislativa do estado.

O estudante que se encantou com o papel do promotor durante um júri simulado, ainda na faculdade, costuma dizer que perseverança é a palavra chave de sua vida. Quando as investigações da Lava-Jato começaram a apontar indícios de ligação com o Caso Bancoop, que estava na Justiça, Blat voltou a acompanhar o assunto. Já atuando na área de Patrimônio Público e Social, passou a subsidiar e trocar informações com os promotores da área criminal.


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