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PT teme ser criminalizado por atos pró-Lula no próximo domingo

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BRASÍLIA E RIO — O governo teme que as manifestações programadas para o próximo final de semana em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sejam criminalizadas. Rui Falcão, presidente do PT, reuniu-se com ministros mais próximos na manhã desta segunda-feira, no Palácio do Planalto, para evitar que a mobilização petista seja prejudicada.

A avaliação no Planalto é que um ato pró-Lula no próximo domingo, mesmo dia em que já estava marcado um protesto contra o governo, é um passo perigoso. Isso porque se os atos descambarem para a violência, com milhares nas ruas, o confronto pode ser incontrolável.

— Se os dois grupos se enfrentarem, se alguém sair ferido, vai ser muito complicado e muito triste — define um auxiliar da presidente.

Em ocasiões em que havia menos pessoas _ como em frente ao Fórum da Barra Funda, onde Lula iria depor no mês passado, ou em frente à casa do ex-presidente em São Bernardo — , manifestantes dos dois lados saíram machucados após conflitos.

Contrariando a militância, a Frente Brasil Popular orientou os apoiadores de Lula a não irem, no próximo domingo, para os locais de manifestação pró-impeachment. O informe foi vaiado, na noite desta segunda-feira, em plenária no Rio. Coordenadores da frente, composta por PT, PCdoB, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outros, pediram para que os militantes façam atividades “lúdicas” em lugares distantes das mobilizações contra o governo Dilma Rousseff.

_ É mais provável que nossa mobilização seja no dia 18 para não confrontar. Eles já estavam com ato marcado para o dia 13 _ afirmou o deputado Chico D´Angelo (PT-RJ), em seu discurso, no início da plenária.

Mesmo no PT há quem discorde com essa orientação.

_ Não podemos ficar em casa de braços cruzados. Temos que disputar a rua com eles _ disse uma liderança do PT do Rio.

Em artigo veiculado no site do PT, nesta segunda-feira, o presidente nacional do PT convocou a militância a participar “organizadamente” das manifestações nesta terça-feirado pelo Dia Internacional da Mulher, e das datas convocadas pela Frente Brasil Popular: 18 e 31 de março. Não houve convocação para o próximo domingo.

— O PT não tem esse histórico de violência. Não vai para arrumar confusão. Então há esse temor de ser criminalizado. Claro que as pessoas respondem quando são provocadas, mas só quando há provocação. Imagine isso em uma multidão. Não tem controle —afirmou um assessor do palácio do Planalto.

Nesta segunda-feira de manhã, enquanto Falcão reunia-se em Brasília com ministros próximos a Dilma, a presidente fazia uma defesa mais enfática de Lula em Caxias do Sul, durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida. Até então, a defesa ao ex-presidente havia sido rápida, na última sexta.

Assessores do palácio avaliam que Dilma, na sexta, ainda não havia feito um discurso para rebater a delação do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS). Por isso, teria sobrado pouco espaço para o tema Lula. O Planalto também projeta que, após o episódio da condução coercitiva e a volta de Lula aos discursos inflamados, a tendência de Dilma é voltar a aproximar-se do PT.

O líder do partido na Câmara, Afonso Florence (BA), negou que o partido esteja convocando manifestações em favor do ex-presidente Lula nos mesmos locais e horários de protestos marcados há meses pelos movimentos que pedem a saída da presidente Dilma.

— O que eu conheço são manifestações de movimentos sociais no dia 31 e das mulheres no dia 8. Convocar a manifestação para o mesmo dia e local não é que o nós, movimentos sociais do PT, estamos fazendo. Eventualmente, em resposta a alguma atitude exaltada do outro lado, alguém pode ter feito isso — disse o líder do PT, acrescentando:

— Nós não temos o confronto, mas não promovemos o confronto. Trabalhamos a disputa política de forma ponderada e com respeito.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), foi na mesma linha:

— Manifestação é manifestação, mas não se pode exagerar. O respeito mútuo precisa prevalecer, sem provocações — disse Guimarães.


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