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Prova de pagamento de propina levou Machado a grampear Jucá

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BRASÍLIA — O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que aguardava os desdobramentos da Lava-Jato sem maiores sobressaltos, decidiu tentar um acordo de delação quando soube, no início deste ano, que ele também fora delatado por um executivo de empreiteira.

O executivo revelou ao Ministério Público Federal a existência de uma conta usada para repassar propina a Machado. Diante do que poderia ser uma prova suficiente para levá-lo à prisão, Machado se apressou em buscar provas e a gravar conversas com aliados para negociar uma delação com o grupo do procurador-geral, Rodrigo Janot.

As gravações e acusações feitas por Machado derrubaram Romero Jucá do Ministério do Planejamento e podem complicar a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), entre outros líderes do PMDB.

DIÁLOGOS CONTUNDENTES

As gravações com outros políticos seriam ainda mais contundentes que os diálogos revelados até o momento entre Machado e Jucá. Na série de depoimentos que prestou a dois auxiliares de Janot, Machado falou sobre os senadores com quem manteve relação mais próxima. Renan foi um dos padrinhos políticos de Machado.

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato, no STF, está prestes a decidir se homologa ou não a delação de Machado. O ex-presidente da Transpetro já foi ouvido por um dos auxiliares de Teori e, em resposta às perguntas do juiz, confirmou que fez a delação por livre e espontânea vontade.

Procurada pelo GLOBO, a advogada Fernanda Tórtima, responsável pela defesa do ex-presidente da Transpetro, disse que não falaria sobre o assunto.

Renan disse a interlocutores que não tem dúvidas de que também foi gravado pelo ex-aliado. Renan afirmou que percebeu o nervosismo de Machado durante uma ligação que recebeu dele. Mas acha que, na conversa, não “avançou o sinal” em nenhum momento em seus comentários sobre a Lava-Jato.

— Renan percebeu que Sérgio Machado estava nervoso, fazendo perguntas sem nexo e fora do contexto da conversa. Como a conversa era por telefone, foi mais fácil de Renan desconfiar que estava sendo grampeado. Ele disse apenas que a única coisa que poderia fazer para ajudar Machado seria politicamente — contou um senador próximo a Renan.

Embora senadores da oposição digam que Renan está apavorado com a divulgação de conversa supostamente comprometedora com Machado, integrantes da cúpula do PMDB e o entorno do peemedebista dizem que, se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tivesse uma bala de prata contra ele, já teria divulgado.


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