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Protestos foram contra toda a classe política, diz Jaques Wagner

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BRASÍLIA — O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, rejeitou a comparação das manifestações de domingo com as Diretas Já, dizendo que os protestos da década de 80 não foram patrocinados. Para ele, os protestos deste domingo foram bem mais produzidos e dizem respeito à toda a classe política e não apenas ao governo. Wagner, que participou da reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff e outros sete ministros, defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que tem gente “babando sangue” para pegar o petista.

Sobre a ida de Lula para o governo, afirmou que depende dele e que pesa na decisão a avaliação equivocada, segundo o ministro, de que Lula quer se proteger das investigações, obtendo foro privilegiado. Wagner também negou que pode assumir o Ministério da Justiça e disse acreditar que não houve trapalhada no episódio da nomeação do procurador Wellington César Lima e Silva.

— A comparação com as Diretas eu acho absolutamente indevida, porque nas diretas ninguém patrocinou. Quem patrocinou foi o próprio povo — disse, afirmando que as Diretas Já foram ‘unificadas”. Em outro momento, emendou:

— Sem desmerecer a manifestação, nunca tivemos uma manifestação tão produzida, pelo menos no grande centro de São Paulo. Mas não estou desprezando.

Ainda sobre os protestos, Wagner admitiu que foi grande e que deve ter “animado” a oposição. O ministro atribui o mau momento econômico do Brasil como a principal causa da insatisfação.

— O principal é a economia. As pessoas vinham com esperança — afirmou Wagner, e completou:— O mau humor acaba sendo apontado para o governo federal.

— O governo reconhece, sem desmerecer. Mas nunca tivemos uma manifestação tão produzida. Não me venham me falar também de espontaneidade – declarou o ministro, que citou a mudança no horário da partida de futebol entre São Paulo e Palmeiras, que passou da tarde para a manhã, como um apoio ao protesto.

Jaques Wagner voltou a criticar a “caça” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o ministro, “tem gente babando sangue” e há um “concurso” entre o Ministério Público de São Paulo e a Lava-Jato para ver quem o prende primeiro.

— Tem gente babando sangue. Lula virou troféu e por isso o concurso entre o MP de Curitiba e São Paulo.

LULA AVALIA SE SERÁ OU NÃO MINISTRO

A possibilidade de Lula virar um ministro de Dilma é “real e concreta”, afirmou Wagner. O ministro da Casa Civil afirmou que, se Lula vier para o governo, cuidará da articulação política.

— É uma possibilidade real e concreta – afirmou Wagner, e completou: – Se Lula vier, vem para cuidar do que mais sabe fazer, vem para cuidar da política. Depende da cabeça dele. Todo mundo quer que ele venha.

O ministro disse que Lula ainda está avaliando se vai ou não para o governo, mas que incomoda e constrange o petista a avaliação de que ele poderia estar fugindo das investigações da Lava-Jato, ao se abrigar num cargo que dê foro privilegiado. Disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o Mensalão e que muitos, à época, consideraram que a o foro privilegiado não foi interessante para os petistas condenados.

— É uma decisão que está na cabeça dele, eu diria que hoje o mais constrange para eventualmente vir é essa coisa que as pessoas acham por conta (…) Primeiro que ele não sai da Justiça, tanto faz se é prerrogativa ou não. O Mensalão foi todo julgado aqui. É claro que não é interessante essa motivação, aí ele prefere ficar com a sua história. Não tem sentido ele vir para cá por essa motivação. É uma decisão dele. Pesa negativamente. Tem várias outras variáveis. Essa variável é uma coisa que incomoda — afirmou.

O ministro disse que não assumirá a pasta da Justiça em hipótese alguma. Em entrevista após a reunião de coordenação com a presidente e outros sete ministros, ele disse que pode até deixar a Casa Civil para abrir espaço para o ex-presidente Lula, mas que decisão cabe à presidente.

— Para a Justiça eu não irei. Eu não coloco chapéu onde minha mão não alcança. Eu vim para cá (Casa Civil) porque já fui governador — explicou.

Mais tarde, reforçou:

— Sair, eu posso sair. Mas não há hipótese de eu ir para a Justiça. Para onde o Lula vai, no caso de ele resolver vir, é uma decisão dela (Dilma).

Wagner nega que tenha sido um erro do governo a nomeação do procurador Wellington César Lima e Silva para ministro da Justiça, barrada pelo Supremo. Segundo ele, foi uma interpretação que o governo fez de que, por ter sido procurador estadual, não seria um conflito assumir um cargo no Executivo Federal. Esse entendimento, disse, também foi feito pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

Em relação à convenção do PMDB, no sábado, que definiu que o partido não pode assumir cargos no governo nos próximos 30 dias, Wagner foi cauteloso e disse que foi uma decisão “sábia” tanto do PMDB quanto do governo.

— Eu prefiro não interpretar. Se resolvessem desembarcar, seria uma notícia pior. Foi uma decisão sábia dos dois lados.


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