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Procurador da Lava-Jato compara corrupção com serial killer

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BRASÍLIA – O procurador Deltan Dallagnol, coordenador das investigações da Operação Lava-Jato em Curitiba, afirmou nesta quarta-feira que a corrupção é uma assassina em série, que mata silenciosamente milhares de pessoas em estradas esburacas, hospitais sem remédios e ruas sem segurança. O procurador fez a declaração na abertura da audiência promovida pela Comissão Geral no plenário da Câmara para discutir as 10 Medidas de Combate à Corrupção, pacote de projetos elaborados na esteira das investigações da Lava-Jato.

— A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa. Ela é uma serial killer que se disfarça de buracos de estradas, de falta de medicamentos, de crimes de rua e de pobreza — afirmou o procurador.

Como exemplo, citou o caso de uma pessoa na Bahia que morreu por falta de um determinado medicamento na rede pública. No mesmo período da morte, o Ministério Público estava investigando compra superfaturada do mesmo tipo de medicamento. Os remédios teriam sido comprados por valores, em alguns casos, até dez vezes superiores aos oferecidos nas farmácias locais e, ainda assim, teriam sido entregues com data de validade vencida.

— A corrupção mata — repetiu Dallagnol.

Durante o discurso, o procurador voltou a pedir apoio do Congresso Nacional ao pacote anticorrupção. Segundo ele, estudos indicam que aproximadamente R$ 200 bilhões são desviados dos cofres públicos do país a cada ano. Essas cifras poderiam triplicar os investimentos do governo federal em educação e saúde e quintuplicar as cifras aplicadas em segurança pública pelos governos federal, estaduais e pela prefeituras.

Para o procurador, a violência silenciosa da corrupção deve ser duramente combatida pela sociedade e pelas estruturas políticas.Para ele, desvios de dinheiro público não tem cor partidária. Ele sustenta ainda que a população precisa entender que nem todo político é corrupto. Da mesma forma, o Congresso Nacional deveria entender a relevância dos projetos de combate à corrupção apresentados pelo Ministério Publico com vasto apoio popular.

— É importante que Congresso perceba que tem uma oportunidade de ouro. Mais de dois milhões que não querem viver no outro país, mas querem viver num outro Brasil. Cada pessoas depositou as esperanças da democracia neste parlamento — disse o procurador.

Pouco antes do início da audiência, o promotor Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, defendeu nesta quarta-feira a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que autoriza a prisão para cumprimento de sentença a partir da condenação em segunda instância.

— Manter a possibilidade de levar à prisão condenados em segundo grau é fundamental para a efetividade do combate à corrupção. Desde fevereiro, quando STF fixou essa interpretação, aumentou significativamente o número de colaborações premiados — disse o promotor.

A consolidação do cumprimento de sentença a partir de condenação em segunda instância faz parte do pacote anticorrupção do Ministério Público Federal. O pacote, convertido em projetos de lei de iniciativa popular, prevê ainda a classificação da corrupção a classificação de caixa dois como crime, a tipificação do crime de enriquecimento ilícito e até o fechamento de partidos em caso de corrupção sistêmica.

Os projetos foram entregues à Câmara em março deste ano com o apoio de 2.028.263 assinaturas de brasileiros que são favoráveis às propostas. Cabe agora ao presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) dar andamento aos projetos. Os projetos surgiram como propostas dos investigadores da Operação Lava-Jato. Para eles, nâo basta punir com prisão os acusados de desvios na Petrobras. É importante criar regras para fechar os ralos da corrupção.

O deputado Mendes Thame (PSDB-SP), primeiro parlamentar a se manifestar, defendeu os projetos apresentados pelo Ministério Público. Para ele, a corrupção atingiu níveis insustentáveis. Por isso, é importante abrir a discussão sobre medidas para estancar os desvios de dinheiro dos cofres publicos.

— Estamos tentando mostrar para a população que a corrupção é um grande inibidor do desenvolvimento.


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