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PP faz cerco a dissidentes e garante votos pró-impeachment

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BRASÍLIA – O comando do PP desmentiu as declarações do deputado Waldir Maranhão (PP-MA) de que teria mais 14 deputados com ele em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e que poderiam sair do partido. O deputado Ricardo Barros (PP-PR) disse que não existe esse fato e que o partido fechou a questão. Ele passou o dia atuando para garantir os votos a favor do impedimento. A Executiva do PP irá, inclusive, intervir em mais três estados neste sábado para destituir dirigentes que queiram votar contra a determinação da sigla. Bahia, Ceará e Pará serão alvo da ação da cúpula da legenda.

A situação da Bahia é a mais delicada. Os quatro deputados do estado estão vinculados ao vice-governador João Leão, pai do deputado Cacá Leão. Além dele, estão Mário Negromonte Jr, Roberto Britto e Ronaldo Carletto. Depois que o partido fechou questão a favor do impeachment, alguns deles estiveram no Palácio do Planalto, juntamente com Eduardo da Fonte (PP-PE), negociando a nomeação de José Rodrigues Pinheiro Dória para o Ministério da Integração no lugar de Gilberto Occhi, que entregou sua carta de demissão um dia após o partido ter anunciado o rompimento com o governo. Dória, no entanto, declinou o convite.

Cacá sinaliza que, mesmo com as ameaças de intervenção, os quatro deputados deverão se posicionar contra o impeachment:

– A gente é um caso especial, e minha posição é a mais difícil. Estamos tentando conversar, confio na serenidade e benevolência do presidente Ciro Nogueira. Para nós, é muito difícil mudar de posição, mesmo com todas as consequências. Estamos juntos com o PT na Bahia desde 2008. O pior carimbo que alguém pode ter na vida é de traidor – afirmou.

No Ceará, os dois deputados do PP, Macedo e Adail Carneiro, são ligados ao ex-ministro Ciro Gomes, que trabalha contra o impeachment de Dilma Rousseff. A expectativa é que, com a ameaça de intervenção, ambos os parlamentares revejam suas posições.

No Pará, Beto Salame, que preside o diretório estadual do PP, também deverá ser destituído, caso não mude seu voto. O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), confirmou ao GLOBO que as intervenções ocorrerão para garantir que todos os parlamentares do partido sigam a determinação da Executiva. O senador apoiava a presidente Dilma e resistiu em mudar de lado, mas depois que a bancada na Câmara tomou a decisão majoritária, ele decidiu segui-la e tem conversado com o vice-presidente Michel Temer sobre a participação do PP em um eventual governo peemedebista.

O que mais irritou a cúpula do PP foi o fato de o deputado Eduardo da Fonte ter negociado individualmente seu voto contrário ao impeachment em troca de cargos no governo, mesmo depois da decisão do partido. O deputado, porém, já declarou ao GLOBO que votará a favor do impeachment.

O deputado Artur Lira (PP-AL), que trabalha para angariar votos a favor do processo, diz que a bancada não aceitará votos contrários. Lira afirma que, no caso de Waldir Maranhão, se ele decidir deixar o partido, conforme alardeou neste sábado, o partido pedirá seu mandato na Justiça.

– Eduardo da Fonte já fez acordo e vai votar junto com Temer. Por mais que Ciro Nogueira resista em aplicar sanções, a bancada está radical. Fechou questão, tem que ser cumprido. No caso do Waldir Maranhão, se ele sair, a gente pede o mandato dele na Justiça – afirma.

A ofensiva e o medo da expulsão garantiu ainda ao longo do dia votos de Toninho Pinheiro (PP-MG) e Adail Carneiroi (PP-CE).

Na sexta-feira, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), realizou reunião da direção nacional e fechou a questão, ameaçando de expulsão os dissidentes. A primeira medida foi destituir Waldir Maranhão (PP-MA) do comando do partido no Maranhão, depois que ele apareceu em vídeo anunciando apoio a Dilma. Na prática, Maranhão teria mais cinco votos, no máximo, com ele em prol de Dilma, na avaliação da cúpula. Alguns já definiram que votarão pelo impeachment, mas não querem revelar para não serem pressionados pelos governadores.


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