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PP deve fechar posição a favor do impeachment de Dilma

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BRASÍLIA – A debandada de partidos da base aliada vem se acentuando conforme avança o processo de impeachment e deverá ter novos capítulos nesta terça-feira, um dia após a aprovação do parecer favorável à cassação da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial. A bancada do PP na Câmara dos Deputados deverá fechar questão a favor do impeachment. Numa reunião convocada pelo líder do partido, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), os parlamentares vão se reunir à tarde para decidir a posição da bancada, que tem 47 deputados, a quarta maior bancada da Casa.

Segundo as contas de parlamentares do PP, a legenda tem hoje entre 33 e 35 votos favoráveis ao impedimento. O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), um dos parlamentares contrários ao governo, diz que, com o fechamento da questão, o partido pode chegar aos 40 votos pelo impeachment. Após a decisão, o líder comunicará o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI).

— É uma decisão que temos que fazer por uma questão de coerência. Eu disse ao Aguinaldo que ele deve levar ao presidente do partido a posição de, fechando questão pelo impeachment, deixar os cargos do governo. Ele concordou — afirmou Goergen, completando: — A reunião está construída para decidir pelo fechamento de questão pró-impeachment.

Ele disse ainda que a ideia de orientar o voto a favor da cassação de Dilma nasceu nesta segunda-feira, após a votação na Comissão, na qual dois dos três titulares do PP votaram contra o governo e apenas o líder, ex-ministro das Cidades, votou com o governo. Segundo ele, após conversar com os correligionários, Aguinaldo decidiu que fecharia questão para contemplar a maioria do partido.

O líder do PP, Aguinaldo Ribeiro, admite que a divisão da bancada se intensificou depois da decisão da Comissão, com muitos deputados voltando de suas base pressionados para votar a favor do impeachment. Ele diz que chamou a reunião para saber, de forma clara, qual a posição majoritária na bancada.

— O partido hoje está dividido. Quero fazer a reunião para que possamos saber qual a posição majoritária. Se conseguir alinhar com o governo, tudo bem. Mas quero fazer de maneira clara — disse.

Segundo ele, há deputados contrários a ideia de que o partido tome uma decisão sobre o desembarque ou mesmo sobre a votação na Câmara, mas essas questões serão discutidas:

— Para mim, liberar enfraquece a bancada. O mais importante é preservar a unidade da bancada, por isso é importante uma posição majoritária.

 

A decisão de fechar questão pelo impeachment não é consenso no partido. Mesmo entre aqueles que defendem a cassação do mandato de Dilma, há quem discorde do que for decidido esta tarde.

— Já ficou claro que temos maioria pelo impeachment e eu tenho posição definida, mas não acho que cabe à bancada fechar questão, a não ser que haja unanimidade. Como não há, fechar para gerar constrangimento é uma demasia e uma inutilidade. Digo que, inclusive, são constrangimentos ilegítimos contra companheiros que legitimamente fecharam com o PT — ponderou o deputado Esperidião Amin (PP-SC).

Dentro da bancada, não apenas os deputados favoráveis à saída de Dilma afirmam que a tendência é pelo desembarque da legenda. Deputados ligados ao grupo do ex-líder Eduardo da Fonte (PE), que teria 17 votos, admitem que a situação do governo piorou. Que Aguinaldo e o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI) teriam garantidos apenas oito votos contra o impeachment. Segundo interlocutores do grupo ligado a Eduardo da Fonte, a posição do grupo será decidida na noite desta terça-feira.

— O governo conversou com os interlocutores errados, que não tem os votos da bancada. Vamos decidir ainda o que fazer, mas a posição será tomada com base no sentimento que cada um colher em suas bases. A situação do governo piorou muito, os líderes não têm mais força sobre as bancadas — afirmou um deputado do PP.

Além de deputados do Nordeste, onde o apoio ao ex-presidente Lula é muito forte e pode pesar na decisão, o grupo tem também parlamentares de Minas Gerais e do Sul do país, onde a pressão a favor do impeachment é forte.

PR REFORÇA VOTO COM O GOVERNO

O PR anunciou, em nota, a indicação do deputado Aelton Freitas (MG), que reafirma a posição da legenda contra o impeachment, mas diz que não há necessidade de fechamento de questão para a votação do processo contra Dilma prevista para o próximo domingo. A bancada, no entanto, está bastante dividida. Contabiliza, pelo menos, 28 votos a favor do impeachment. O movimento do deputado contrariou a Executiva do PR, que defende o apoio à presidente, e agitou outros parlamentares do partido a se rebelarem contra a orientação partidária.

A nota do PR foi distribuída pela assessoria em meio a reunião convocada por Maurício Quintella Lessa (AL) para “dar conforto” aos seus ex-liderados que “queriam votar conforme suas consciências”.

— Vim agradecer à bancada, explicar minha posição e dar o máximo de conforto e dizer para ir em frente e votar de acordo com o que manda a consciência. Neste momento histórico não têm que pesar a decisão partidária. Acredito que na bancada a maioria é a favor do impeachment e vou trabalhar para que ela seja respeitada, para que não se feche questão. Eu já avise à direção que uma ordem de cima para baixo racharia o partido — disse Quintella Lessa.

No PMDB, as contas são cada vez menos favoráveis ao governo. Depois que o líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ), anunciou que os deputados estão liberados para votarem conforme suas consciências, as análises internas dão conta de que muitos deverão acompanhar a cúpula do PMDB e apoiar o impeachment de Dilma. A bancada também irá se reunir para firmar uma posição conjunta.


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