PMDB precisa ter responsabilidade para não aumentar crise, diz Renan
BRASÍLIA — Dentro do papel que assumiu desde a quarta-feira de ser defensor de um pacto em torno do país, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira que o PMDB dever ter muita responsabilidade na convenção nacional de domingo, porque o posicionamento do PMDB pode “aumentar ou diminuir” a crise política. Renan deflagrou uma maratona de conversas nas últimas 48 horas. Ele se reuniu com o ex-presidente Lula na quarta-feira pela manhã e, à noite, conversou com a presidente Dilma Rousseff . Depois, participou de jantar com a cúpula do PSDB.
— Vamos continuar conversando com o PSDB e com outros partidos. E conversei bastante com a presidente Dilma. Mais do que nunca, é hora de construir uma convergência em torno do interesse nacional. Mais do que nunca é hora de pensarmos, é hora de pensar no Brasil, no consenso, no equilíbrio, na serenidade. Acho que dessa forma vamos construir saídas — disse Renan.
Na manhã desta quinta-feira, Renan voltou a se reunir com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O presidente do Senado disse que continuará conversando com o PSDB e com os demais partidos nesse momento de crise política. O PMDB realiza sua convenção nacional no próximo domingo, quando deve assumir posição de independência em relação ao governo Dilma.
— O PMDB, que é pilar da governabilidade, tem que ter muita responsabilidade nessa hora para não aumentar a crise. O PMDB tem que ser a saída para a crise. O poder moderador, o pilar da sustentação da democracia. O PMDB deve fazer sua convenção com muita responsabilidade, porque qualquer sinalização que houver com relação ao posicionamento do PMDB pode diminuir ou aumentar a crise — disse Renan.
Apesar de ser um dos mais fiéis aliados de Dilma, Renan reafirmou que, como presidente do Legislativo, não participa do governo e atua com isenção. Perguntado sobre a moção de independência que deve ser aprovada pelo partido, Renan disparou:
— O PMDB tem que reafirmar sua dependência com relação ao Brasil, que vai priorizar o interesse nacional.
Renan disse que conversou com Dilma e com o PSDB sobre os cenários do país. Ele negou que tenha tratado de impeachment com a presidente.
— Absolutamente. Temos cenários vários que precisam ser discutidos. Mas o importante é preservar, proteger, o interesse do país — disse Renan.
Bem-humorado, o parlamentar disse que não foi a primeira “e com certeza não será a última vez” que se reunirá com o PSDB.
Ele também foi irônico ao ser perguntado sobre a situação do ex-presidente Lula.
— O pior papel que reservam para mim é ficar comentando esses fatos políticos. Não tenho muito o que acrescentar nesses comentários não — disse Renan.
O presidente do Senado e Aécio tiveram um encontro fechado nessa manhã, depois de o tucano ter participado de um seminário do PSDB sobre políticas sociais.