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Othon foi ‘emissário’ de acerto de propina para PT e PMDB, diz ex-presidente da Andrade

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RIO – O ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva exerceu o papel de uma espécie de emissário da cobrança de propina por PT e PMDB, segundo o ex-presidente da construtora Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá, que prestou depoimento nesta segunda-feira na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, onde corre ação que investiga o pagamento de propina em obras da estatal.

Segundo Nora de Sá, houve uma conversa pessoal com Othon por volta de 2005, ano em que ele assumiu a presidência da estatal. Na ocasião, Othon teria informado ao ex-presidente da construtora que tivera suporte político de PT e PMDB para ser nomeado e que, em troca, buscaria “auxilio” para os partidos junto à Andrade.

– A obra tava para ser retomada. E ele precisaria definir um valor de auxílio político. Acertamos 1% – disse Nora de Sá, acrescentando que o encontro foi no Rio.

A obra só foi retomada efetivamente em 2008, quando a propina passou a ser paga sistematicamente dentro de um esquema maior em que a Andrade assumiu compromisso de pagar 1% de todas as obras públicas aos dois partidos.

Até aquele ano foram feitos pagamentos mensais de valores menores, muitas vezes em espécie. Perguntado pelo juiz qual a vantagem que a Andrade esperava receber com o pagamento de propina, Nora de Sá disse que não esperava vantagem e, sim, que a empresa não fosse prejudicada.

– Era uma obra complexa. Precisávamos que houvesse por parte do cliente um esforço para liberação das licenças. Nosso objetivo era que não nos prejudicassem.

O ex-presidente da construtora revelou ainda que Othon havia procurado a Andrade antes de se tornar presidente da Eletronuclear pedindo que a empresa intercedesse junto à estatal para que ele fosse nomeado presidente.

– Ele chegou a pedir que fosse indicado para a presidência, mas disse a ele que não tínhamos influência política para isso.


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