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Os grampos dos oligarcas e a Lava-Jato

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Quem puder lembrar o que estava fazendo na manhã de 11 de março poderá entender melhor as conversas do doutor Sérgio Machado com os magnatas de Brasília. Era uma sexta-feira. No domingo, 3,6 milhões de brasileiros iriam às ruas pedindo a saída de Dilma e festejando o juiz Sérgio Moro.

Enquanto acontecia a maior manifestação popular da História do país, algumas dúzias de maganos, quatro deles grampeados, armavam esquemas para “delimitar” a Lava-Jato. Nas longas conversas com Sérgio Machado, Dilma devia ir embora para que se pudesse construir um “acordão”. Segundo Romero Jucá, “tem que mudar o governo para estancar essa sangria”. Costuravam fantasias de palhaço para quem fosse para a rua com bonecos ou cartazes saudando o juiz Sérgio Moro.

Nenhum dos notáveis grampeados foi capaz de dizer que as ladroeiras devem ser investigadas. Pelo contrário. O procurador-geral, Rodrigo Janot, foi chamado de “mau caráter” por Renan. Deixando-se de lado as referências de Machado à mãe do procurador-geral, Jucá chamou o juiz Sérgio Moro de “torre de Londres”, para onde se “mandava o coitado para confessar”. Segundo Sarney, ele persegue “por besteira”.

Na véspera do primeiro grampo, num jantar em Brasília, Renan Calheiros expusera as vantagens do “semipresidencialismo”, uma arapuca tucana onde prenderam o pé do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para a turma do grampo, o desastroso governo petista devia ir embora, levando consigo o alcance da Lava-Jato.

Naqueles dias eram dois os países. No das conversas de Brasília, armava-se o “acordão”. No das ruas, selou-se o destino de Dilma Rousseff. Falta apenas que o Senado baixe a lâmina.

Quem foi para a rua tem todos os motivos para se sentir atendido. Os grampos de Sérgio Machado mostram que, por motivos opostos, Renan, Sarney e Jucá também foram atendidos. Jucá tornou-se ministro.

Como a Lava-Jato não foi estancada, Machado tornou-se um grampo ambulante, agravando o pesadelo da oligarquia ferida pela Lava-Jato.


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