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‘Operação Xepa’ vê estrutura própria da Odebrecht para pagar propina a prefeituras

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BRASÍLIA – Com a nova fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Xepa”, o Ministério Público e a Polícia Federal deverão bater às portas de governos estaduais e prefeituras que fizeram contratos para execução de obras com a Odebrecht. Informações obtidas até o momento indicam que a empreiteira pagou propina também para obter obras de governos estaduais e prefeituras e não apenas no governo federal, segundo disse ao GLOBO uma das autoridades da linha de frente das investigações.

Os investigadores obtiveram indícios também de que representantes da Odebrecht fizeram pagamentos de propina até o segundo semestre do ano passado, quando presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, e outros executivos desta e de outras empreiteiras já estavam presos em Curitiba sob a acusação de corrupção e outros crimes relacionados a desvios de dinheiro na Petrobras. Seriam pagamentos ilegais de valores que variam de R$ 500 mil a R$ 2 milhões. Estes pagamentos estariam vinculados a liberação de determinadas obras.

— O que mais impressiona é que esses pagamentos ocorreram até o segundo semestre de 2015. Um absurdo — disse um investigador.

Segundo ele, a Odebrecht tinha uma estrutura própria para pagamento de propina, que funcionaria como uma espécie de “anti-compliance”. Ao invés de combater a corrupção, como acontece em alguns bancos e empresas, a estrutura vinculada a Odebrecht teria como objetivo manter em segredo o pagamento de propina para agentes públicos. Investigadores estão impressionados com o grau de organização do setor e acham que a Lava-Jato descobriu um novo nicho de fraudes.

— Essa operação abre outras frentes. A Odebrecht tinha um setor específico para pagar propina. A tendência é que essas buscas de hoje indiquem outros agentes públicos envolvidos com a corrupção — disse uma das autoridades da Lava-Jato.

Caso se confirmem as suspeitas de pagamentos de propina para execução de obras para representantes de governos estaduais e prefeituras, as investigações podem ser desmembradas e remetidas para o Ministério Públicos nos estados.


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