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Okamotto admite ter pedido à OAS que pagasse guarda de bens de Lula

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SÃO PAULO. O presidente do Instituto Lula e braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Okamotto, disse em depoimento à Polícia Federal ter solicitado à OAS, uma das empresas investigadas na Operação Lava-Jato, que “apoiasse” a locação de um espaço para armazenamento de bens do ex-presidente Lula depois que ele deixou o governo, em 2011.

De acordo com as investigações, até janeiro deste ano a empreiteira pagou R$ 1,3 milhão para que a empresa Granero guardasse os itens do ex-presidente, contrato assinado em 1º de janeiro de 2011, dias depois de Okamotto solicitar um orçamento de armazenamento para a Granero.

Ao ser perguntado no último dia 4, durante a Operação Aletheia, se sabia “os motivos pelos quais a Construtora OAS celebrou esse contrato com a Granero”, o dirigente respondeu que “sim”. No depoimento, Okamotto diz que “como o ex-presidente (Lula) possuía um vasto acervo presidencial e não havia um local apropriado par aguardar, entrou em contato com a empresa OAS e verificou a possibilidade deles apoiarem com essa locação”.

De acordo com o MPF, na formalização do contrato em papel, foi registrado se tratar de “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda”.

Apenas em 16 de janeiro de 2016, em meio às investigações da Lava-Jato, Paulo Okamotto assinou procuração autorizando a retirada dos bens para o depósito do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, localizado em São Bernardo. No depoimento, Okamotto afirmou ter pagado R$ 18 mil para que os itens pessoais de Lula fossem levados para o novo endereço.

De acordo com o dirigente do Instituto Lula, entre os itens estavam “cartas, documentos, livros, publicações, objetos dados por particulares e coisas sem valor comercial”.

A força tarefa da Lava-Jato apura se o pagamento pelo armazenamento de itens do ex-presidente pode ter alguma relação com eventuais beneficiamentos à empreiteira em contratos do governo federal. A íntegra do depoimento foi divulgada nesta quinta-feira, depois que o juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, Sérgio Moro, retirou o sigilo que havia sobre o processo.

Em interceptação telefônica tornada pública nesta quarta, o ex-presidente Lula reclamou à presidente Dilma Rousseff das perguntas feitas pela PF sobre seu acervo.

“Eu tô pensando em pegar todo o acervo, eu ainda vou tomar a decisão, pegar e jogar na frente do Ministério Público. Eles que enfiem no c… e tomem conta disso”, disse Lula no dia em que foi levado para prestar depoimento de forma coercitiva.

“O acervo de quê?”, pergunta a presidente.

“Ô Dilma, é 11 containers que eu ganhei quando eu tava na Presidência”, responde Lula.

“Ah, dá para eles. Eu vou fazer a mesma coisa com os meus”, complementou a ex-presidente.

No depoimento à PF, Okamotto disse desconhecer quem teria pagado pelas reformas do sítio de Atibaia usado pelo ex-presidente Lula. A força tarefa da Lava-Jato reuniu provas de que José Carlos Bumlai, OAS e Odebrecht bancaram as despesas.


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