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Odebrecht comandava pagamentos de propina, aponta 26ª fase da Lava-jato

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CURITIBA e SÃO PAULO – A força-tarefa da Lava-Jato definiu nesta terça-feira que havia uma “contabilidade paralela” dentro da Odebrecht para pagar propina e afirmou que Marcelo Odebrecht tinha participação ativa no esquema. A corrupção continuou mesmo após a prisão do empresário. Os detalhes da operação foram apresentados na manhã desta terça-feira, em Curitiba. Veja como foi a entrevista coletiva.

A 26ª fase da Operação Lava-Jato foi batizada de Xepa e teve como alvo a Odebrecht. Foram realizados 67 mandados de busca, 28 de condução coercitiva (quando a pessoa é chamada para prestar depoimento), 11 de prisão temporária, 4 de preventiva e vários mandados de busca, com prisões ou não.

Os investigadores da Polícia Federal e o Ministério Público Federal chegaram às conclusões apresentadas nesta fase após a apreensão de documentos na 23ª fase, que prendeu o marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Monica Moura.

O alvo central são operações relacionadas ao Grupo Odebrecht. Foram realizados mandados em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Em Brasília, houve operação no mesmo hotel em que estava hospedado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a força-tarefa descartou qualquer operação relacionada a Lula. O objetivo foi apreender, no mesmo hotel, documentos relacionados a Santana e Monica.

O que se descobriu, por meio da análise de planilhas e emails, é que “a Odebrecht tinha funcionários unicamente voltados para essa pratica ilícita. E o faziam em quantidades expressivas”, disse Laura Gonçalves Tessler , procuradora da República, afirmando ter detectado uma transação em espécie de R$ 9 milhões “de um dia para o outro”. Além disso, detectou-se pagamentos também no exterior, envolvendo diretorias da Odebrecht em países como Argentina e Angola.

— Existia uma estrutura profissional de pagamento de propina dentro da Odebrecht — disse Laura. — Havia envolvimento direto do Marcelo Odebrecht no pagamento de propina. Com iniciais e tudo, na mesma tabela. O que deixa bastante evidente de Marcelo Odebrecht não só tinha conhecimento como comandava a sistemática de pagamento de propina.

Foram apuradas práticas ilícitas até novembro de 2015. Os investigadores disseram trabalhar com fragmentos de informação, já que houve tentativa de destruição de provas.

— Para nos é assustador. Mesmo depois da prisão, a Odebrecht operava o pagamento de propina em detrimento do poder público — disse a procuradora, salientando, no entanto, não haver indícios de que Marcelo Odebrecht operou qualquer esquema da cadeia.

Carlos Fernando dos Santos Lima, do MPF, disse que a nova investigação “descobriu um setor próprio de propina paralela” dentro da Odebrecht no Brasil e no exterior.

— Existia um sistema de controle desses pagamentos, com distribuição de alçadas dentro da empresa. Envolve setores de óleo e gás, infraestrutura, estádio de futebol, diversas áreas são investigadas (…). Ficou claro que ela tinha um setor para pagamentos de propina.

OUTRO LADO

Em nota, a Odebrecht confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. “A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários”, diz o comunicado.


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