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Novo ministro diz não se sentir ‘incomodado’ com citações em grampo

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BRASÍLIA — O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse no Palácio do Planalto após ser empossado no cargo que não se sente “incomodado” com as citações do ex-presidente Lula nos grampos divulgados ontem pela Polícia Federal (PF).

— De jeito nenhum, não me senti incomodado em absolutamente nada.

Aragão não quis dizer aos jornalistas o que pertente fazer em relação ao episódio. Lula afirmou numa das conversas divulgadas ontem que o novo ministro da Justiça “deveria cumprir um papel de homem naquela porra”.

Na cerimônia de posse, militantes presentes pediram “cadeia para Moro” nos momentos em que Dilma fazia críticas à Justiça e quando citava o ministro da Justiça recém-empossado, Eugênio Aragão. Nas citações da presidente a Lula, militantes gritavam “patrimônio nacional”.

Aragão assumiu a pasta em substituição ao procurador de Justiça Wellington César Lima e Silva, que permaneceu 14 dias no cargo. A transmissão de cargo, no início da tarde , foi marcada pela baixa presença de convidados. Segundo uma das autoridades locais, foi a solenidade menos concorrida da história recente do Ministério da Justiça. Nenhum ministro compareceu ao evento.

— Não existe ninguém neste país com o monopólio da moralidade, com o monopólio da salvação da pátria — disse Aragão.

O ministro disse que buscará o diálogo com todos representantes dos diversos segmentos políticos, mesmo daqueles da oposição. Para ele, é importante respeitar as diferenças e valorizar a alteridade. Ele disse, no entanto, que ninguém pode se achar dono da verdade.

Aragão também disse é preciso cautela para evitar a criminalização da política.

— A criminalização da política é a criminalização da democracia — disse.

O ministro também frisou que numa democracia é fundamental cultivar o discurso de que todos são iguais e não apenas respeitar, mas valorizar e legitimar o que ele chama de alteridade.

— Se essa legitimação é ignorada, nós passamos para exclusão do outro, para sua eliminação, o que dá margem a massacres e genocídios na sociedade — afirmou.

Aragão ressaltou que é preciso cautela para evitar que críticas a administradores públicos se transformem na demonização da política. Para ele, o rebaixamento da política representa uma ameaça não só aos políticos, mas a própria democracia.

— A criminalização da política é a criminalização da democracia. Estejamos atentos a isso para que não percamos conquistas que temos conquistado desde 1985 — afirmou.

O ministro também criticou as corporações, entre elas grupos vinculados a Polícia Federal e ao Ministério Público, que colocam os interesses próprios acima dos interesses da sociedade. Para ele, estas corporações não podem se apropria do Estado.


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