Nova delatora acusa assessor de Dilma de comandar esquema de caixa 2
SÃO PAULO — Um novo depoimento de delação premiada coloca Giles Azevedo, assessor especial da presidente Dilma, como responsável pela formatação de um esquema de caixa dois que abasteceu as campanhas presidenciais de 2010 e 2014. Segundo a revista Isto É, a dona da Pepper, Danielle Fonteles, afirmou à Lava-Jato que recebeu recursos “por fora” num total de R$ 58 milhões entre 2013 e 2015 e que o esquema foi orientado por Giles.
De acordo com a revista, que antecipou nesta quarta-feira o depoimento ainda não homologado da publicitária, Danielle afirmou ter recebido dinheiro por meio de contratos fictícios firmados com as empreiteiras Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e Odebrecht, todas envolvidas no cartel da Petrobras. Outra fonte de pagamentos teria sido a Propeg, agência de publicidade baiana que está entre as oito que mais receberam verbas durante o governo Dilma e hoje comanda as contas do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal.
A reportagem afirma que a Pepper recebeu R$ 6,1 milhões da Andrade Gutierrez de maneira ilegal, ratificando depoimento do ex-presidente da holding, Otávio Azevedo. O dinheiro teria sido usado para pagar funcionários do comitê de campanha de Dilma em 2010, entre outras despesas. Da Propeg, a agência recebeu R$ 223 mil entre 2011 e 2012.
A Pepper também teria sido usada para pagar blogs favoráveis ao PT, contratados para atuar nas redes sociais. O dinheiro teria sido repassado pela OAS e pela Odebrecht, sob orientação de Giles, por meio de contratos superfaturados ou fictícios. A revista diz que a agência pagou, por exemplo, R$ 20 mil mensais para o criador do perfil de humor “Dilma Bolada”, Jefferson Monteiro. Danielle teria entregado aos investigadores uma lista de vários jornalistas e blogs que faziam parte do esquema.
A Pepper foi responsável pelo marketing na internet da campanha de Dilma em 2010. Em 2014, produziu as páginas da presidente no Facebook e Twitter.
Os depoimentos de Danielle teriam sido encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça, já que envolve também as investigações da Operação Acrônimo, que envolve o governador Fernando Pimentel. A publicitária teria decidido falar depois que os executivos da Andrade Gutierrez revelaram parte do esquema.
Foi com base nos depoimentos de Danielle, segundo a revista, que o empresário Benedito Oliveira, o Bené, amigo de Pimentel, foi preso preventivamente, também na Operação Acrônimo.
Via O Globo