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Nome de ‘Aracajé’ para operação da Lava-Jato revolta entidade baiana

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RIO – O nome dado pela Força-Tarefa do Ministério Público e da Polícia Federal à 23ª fase da Operação Lava-Jato gerou revolta na Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), com sede em Salvador. Na segunda-feira, uma das maiores ações da PF foi batizada com referência ao famoso quitute da Bahia e teve como alvo principal foi o publicitário João Santana, nascido no município de Tucano (BA) e responsável pelas campanhas que levaram Lula e Dilma à Presidência. Segundo os investigadores, o nome foi escolhido por fazer alusão ao termo utilizado por alguns investigados para identificar dinheiro em espécie.

A presidente da Abam, Rita Santos, critica a escolha de “mau gosto” da Força-Tarefa e já prevê um impacto negativo para cultura baiana.

— Isso vai correr o mundo. E sempre que as pessoas lembrarem do acarajé vão associar à corrupção. Esses cretinos também não têm noção. Como baianos deveriam pensar duas vezes antes de manchar a cultura do seu povo — afirma Rita ao ressaltar que em 2005 o ofício da baiana de aracajé foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como bem cultural do Patrimônio Imaterial por ser um “um dos saberes e fazeres mais tradicionais da identidade cultural da Bahia e do Brasil”.

— O que me preocupa ainda mais é que se as investigações chegarem ao presidente Lula, e deu a entender que vão chegar, ou coisas ainda mais graves, aí é que o acarajé vai ficar marcado para sempre.

Apesar de estar chateada com a referência ao bolinho, Rita diz que as vendas não foram afetadas e concorda com o andamento das investigações do MPF, que até o momento ainda não divulgou conversas que teriam sido interceptadas com citação ao “acarajé”.

— Precisa passar tudo a limpo mesmo. É muita sujeira. Mas deveriam escolher outro nome. Talvez tenham dado o nome pelo fato de o acarajé dar mesmo muito dinheiro. Mas ele é sagrado. Além de ser um patrimônio do país, é oferenda ao orixá Iansã.

O Ofício da Baiana do Acarajé teve seu tombamento homologado na 45ª reunião do Conselho Consultivo do Iphan, em 2004, com a participação do ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, do atual Juca Ferreira (então secretário-executivo da pasta), e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


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