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Mulher de Eduardo Cunha e mais três viram réus na Lava-Jato

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SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro aceitou, nesta quinta-feira, a denúncia da força-tarefa da Lava-Jato contra a mulher do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, a jornalista Claudia Cruz. De acordo com os investigadores, há indícios de que parte da propina desviada da Petrobras abasteceu contas no exterior em nome de off-shores e trusts usados para pagar cartões de crédito internacional utilizados por Claudia Cruz. A filha de Cunha, Danielle Dytz , não foi denunciada, porém, segundo a força tarefa, ela ainda é investigada.

Além dela, viraram réus o empresário português proprietário da CBH Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, João Augusto Rezende Henriques, apontado como o operador de propina pela força-tarefa, e o ex-diretor a área internacional da estatal, Jorge Luiz Zelada.

Para a força tarefa da Lava-Jato, Cláudia tinha plena consciência dos crimes que praticava sendo a a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior. Entre 2008 e 2014, ela gastou mais de US$ 1 milhão. O gasto, de acordo com a denúncia do MPF, “totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito” dela e de Cunha. Quase a totalidade do dinheiro depositado na Köpek (99,7%) teve origem nas contas Triumph SP (US$ 1.050.000,00), Netherton (US$ 165 mil) e Orion SP (US$ 60 mil), todas pertencentes a Eduardo Cunha.

Os investigadores afirmam que Eduardo Cunha usou contas não declaradas no exterior para, “em segredo a fim de garantir sua impunidade, receber e movimentar propinas, produtos de crimes contra a administração pública”. Segundo o MPF, parte do dinheiro transferido para a conta Köpek de Claudia Cruz saiu dos cerca de US$ 1,5 milhão em propina que Cunha teria recebido para “viabilizar” a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

Os mais de US$ 1 milhão recebidos pela mulher de Cunha foram utilizados, de acordo com a denúncia, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior. Cruz teria gasto US$ 854 mil artigos de grife, como bolsas, sapatos e roupas femininas. Outra parte dos recursos foi destinada para despesas pessoais diversas da família de Cunha, entre elas o pagamento de empresas educacionais responsáveis pelos estudos dos filhos do deputado afastado, como a Malvern College (Inglaterra) e a IMG Academies LLP (Estados Unidos).

MPF MAPEOU CAMINHO DA PROPINA NO EXTERIOR

Documentos enviados pela Suíça ajudaram os investigadores a acharem o rastro da propina até a conta da mulher de Eduardo Cunha. As informações obtidas por meio de quebras de sigilo bancário e fiscal e depoimentos de delatores da Lava-Jato identificaram o pagamento de US$ 10 milhões de propina para que a aquisição do campo de petróleo na África fosse concretizada. De acordo com a denúncia, o negócio foi fechado pela Petrobras por US$ 34,5 milhões, o que significa que quase um terço do valor total foi destinado a pagamento de vantagem indevida.

Entre os beneficiários dos US$ 10 milhões está Cunha, que tinha participação direta na indicação e manutenção de cargos na Diretoria Internacional da estatal, e que, de acordo a força tarefa, “atuou de modo consistente para que o negócio fosse fechado”. Para que o pagamento fosse efetuado sem deixar lastros, foi estruturado um esquema para que a propina passasse por diversas contas em nome de “laranjas” e offshores sediadas em paraísos fiscais antes de chegar a Cunha.

Na denúncia, a força tarefa da Lava-Jato ainda pede nova prisão preventiva de João Augusto Rezende Henriques, que foi aceita por Moro, e a fixação do montante mínimo para reparação dos danos causados em US$ 10 milhões (R$ 36 milhões). As investigações prosseguirão em relação a Daniele Ditz, filha de Eduardo Cunha, e a outros investigados, Jorge Reggiardo e Luis Pittaluga, que atuaram como operadores para abertura da conta Netherton.


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