Brasília Amapá |
Manaus

MPF denuncia 12 por formação de milícia e ataques a índios no MS

Compartilhe

SÃO PAULO. O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra 12 pessoas por envolvimento em crimes contra comunidades guarani-kaiowás e nandeva no Mato Grosso do Sul. Elas são acusadas de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo. O assassinato de um agente de saúde indígena, ocorrido na última terça-feira em Caarapó, também será investigado. Nos últimos 10 anos, segundo o MPF, pelo menos um índio foi morto por ano em decorrência do conflito fundiário em Mato Grosso do Sul.

O MPF afirma que os ataques feitos pelo grupo ocorreram no sul do estado e foram realizados por jagunços que teriam sido contratados por proprietários rurais para ações de violência e ameaças. Os procuradores afirmam que já depoimentos, fotos e vídeos que comprovam a denúncia, além de documentos recolhidos em buscas e apreensões. A investigação acontece sob sigilo e foram conduzidas pela Força Tarefa

Avá Guarani, formada há oito meses pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, destinada a apurar crimes contra indígenas.

O ataque mais recente foi o da última terça-feira. Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza Guarani-Kaiowá, de 26 anos, agente de saúde da comunidade, foi morto a tiros e outras seis pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança de 12 anos. O ataque ocorreu na comunidade do do tekohá Tey Jusu, no município de Caarapó, na região de Dourados. Em agosto de 2015 foi morto o líder Simeão Vilhalva, na comunidade Nhenderú Marangatu.

Segundo o Conselho Missionário Indigenista (Cimi), desde agosto do ano passado foram registrados mais de 25 ataques paramilitares contra comunidades guarani-kaiowá no estado.

Dados do IBGE mostram que o Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país – são 73.295 indígenas, atrás apenas do Amazonas, que tem 168.680.

O conflito na região de Dourados é antigo. No último dia 13 de maio, a Funai publicou o relatório de identificação de uma área de 55,6 mil hectares (556 km²) para criação da Terra Indígena Dourados-Amaambaipeguá, destinada aos guaranis kaiowás, que era parcialmente ocupada pela comunidade tekohá Tey Jusu. Mais de 40 processos para criação de terras indígenas no estado estão parados.

Em abril, cerca de um mês antes da votação do impeachment, a presidente Dilma Roussef determinou que fossem destravados processos de criação e homologação de terras indígenas em todo o país. Pelo menos nove terras indígenas foram homologadas. Ao assumir o governo, o presidente interino Michel Temer determinou à Casa Civil que iniciasse um “pente-fino” em todas as ações do governo da presidente afastada, a partir do dia 1° de abril


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7