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Motor do novo Citroën C3 dá banho de eficiência nas versões iniciais

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RIO – Vamos abrir o jogo: o repórter que vos escreve é fã do minimalismo automotivo. Anda empolgado com a onda de motores de três cilindros e, desde sempre, é fanático por Citroën. Daí a ansiedade em experimentar o recém-lançado C3 1.2.

Seu motor EB2 PureTech, um tricilíndrico aspirado com 12 válvulas, variação de fase nos dois comandos e 1.199cm³, deu um banho de eficiência nas versões de entrada do C3 e do Peugeot 208. Pudera: o novo propulsor entra na vaga do vetusto TU4 (dito “1.5”) de quatro cilindros, oito válvulas e 1.449cm³, cujas origens datavam dos anos 80.

Motor e transmissão — incluindo relações de câmbio e diferencial, além das medidas dos pneus — desse C3 são idênticos aos dos Peugeot 208 1.2 PureTech, apresentado em abril. Mas, antes de acelerar, vamos a uma constatação.

OUTROS TEMPOS

Historicamente, os Citroën sempre ousaram em estilo e tecnologia, enquanto a Peugeot era um símbolo da sobriedade protestante da família que deu nome à marca. Tal regra continuou bastante clara mesmo depois que a Peugeot comprou a Citroën, na década de 70, formando o grupo PSA.

Assim, para alguém louco pelos Citroën Traction Avant, DS e 2CV, é triste notar que o atual C3 é mais conservador do que o primo-irmão 208… Seu painel é bem convencional, meio apagado até, e a posição de dirigir é alta, ainda que se abaixe todo o banco — enquanto o Peugeot é puro atrevimento com o volantinho de pequeno diâmetro, o quadro de instrumentos “flutuante” e o assento rente ao chão.

A adoção do novo motor não trouxe qualquer modificação ao estilo dos C3 de segunda geração, chegados aqui em 2012 (a terceira geração estreará na Europa até dezembro). Sua marca registrada é o para-brisa “zenith”, nas versões mais completas, que dá ao motorista uma visão de piloto de helicóptero. Compensa, plenamente, vir atrelado a para-sois duros e sem espelho.

Duro também é o aro do volante. O computador de bordo não mostra o consumo instantâneo, informação que, bem administrada, reduz o gasto de combustível.

Logo que acorda, o PureTech apresenta uma certa vibração, típica dos tricilídricos. Até curtimos isso: é sinal de que há vida sob o capô.

Em situações normais de trânsito, o motorista jamais se sente ao volante de um carro com motorzinho de modestos 1,2 litro e 84cv, com gasolina. Não é lá muita potência final (no velho TU 1.5 eram 89cv), mas o EB2 PuretTech sempre está como um cachorrinho balançando a cauda, cheio de vontade de brincar, especialmente a partir de 2.500rpm.

O que corta um pouco a onda é o curso longo da alavanca de câmbio (ao engrenar ré, aliás, cuidado para não arranhar) e o acerto suave da suspensão. Os freios, ao menos, já não são tão assistidos quando nos C3 de primeira geração. A 100km/h, em quinta, vamos deslizando a 3.000rpm no maior conforto. Aquelas vibrações da marcha lenta já sumiram e a condução é bem agradável.

De volta ao trânsito urbano, chega a hora de encarar uma prova de força: o ladeirão da Rua Cosme Velho, no início da subida para as Paineiras e o Mirante Dona Marta. No aclive bem íngreme, o motor pede primeira marcha como é de se esperar. Afinal, há três adultos a bordo. Aí, é só reduzir e o C3 vai numa boa, sem reclamar alto. Ah… o motor 1.2 só é oferecido com caixa manual.

A melhor parte é a economia. Subimos ao Mirante de Dona Marta e encaramos engarrafamentos bíblicos, mas o consumo de gasolina ficou em excelentes 12km/l (só na cidade). Poderia até ter sido melhor, não fossem certos abusos durante o teste. E, se a PSA pusesse um sistema start/stop em seus compactos, chegaríamos às raias do milagroso.

Aí, contudo, entram outras contas. Enquanto o antigo motor TU4 era fabricado no Estado do Rio, o EB2 é importado da França e custa em euros. A nacionalização só acontecerá quando o mercado brasileiro desengrenar a marcha à ré. Assim, nada de trazer o tricilíndrico com maiores sofisticações — sua versão turbo, de 130cv, tão cedo não virá.

QUANTO VALE O SHOW?

Durante muitos e muitos anos, desde a geração anterior (2003-2012), os C3 básicos eram vendidos por R$ 39.990. Agora o preço inicial subiu bastante e a versão de entrada, a Origine, sai por R$ 46.490.

Já o C3 aqui avaliado é o Tendance. Por R$ 52.690, traz som, luzes diurnas por LEDs, faróis de neblina, aros de liga leve de 15″, para-brisa zenith e sensor traseiro. A Citroën afirma que os custos de manutenção e revisões foram consideravelmente reduzidos. Mas sabemos bem que não é isso que move um apaixonado pela marca.


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