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Moro diz que João Santana sabia da origem espúria dos recursos

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SÃO PAULO — O patrimônio do publicitário João Santana e de sua mulher, Mônica, aumentou de R$ 1 milhão para R$ 78,6 milhões entre 2004 e 2014. Para o juiz Sérgio Moro, “é extremamente improvável que a destinação de recursos espúrios e provenientes da corrupção na Petrobras aos dois, no exterior, “esteja “desvinculada dos serviços que prestaram à aludida agremiação política”. Segundo o juiz, “por mais que tenham declarado ao Fisco” os valores, o casal “tinha conhecimento da origem espúria dos recursos” e ocultou valores que recebeu no exterior “mediante expedientes notoriamente fraudulentos”, como contas em nome de offshore e contratos falsos.

A prisão temporária do marqueteiro e da mulher dele foi decretada nesta segunda-feira na 23ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Acarajé, que pode dar força às ações contra Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A oposição pede a cassação da chapa da presidente em quatro ações no TSE por supostas irregularidades ocorridas durante a disputa em 2014. Entre as acusações está a de que a campanha foi abastecida com dinheiro desviado da Petrobras.

Em despacho, Moro afirma que Zwi Skornick e a Odebrecht pagaram ao casal pelos serviços que eles prestaram em campanhas eleitorais do PT. Os pagamentos de Skornicki somaram US$ 4,5 milhões entre 2013 e 2014. Os feitos por meio da conta usada pela Odebrecht totalizaram US$ 3 milhões entre 2012 e 2103.

A investigação do publicitário começou com a apreensão de um bilhete enviado por Mônica ao operador Zwi Skornicki e ao filho dele, Bruno. Moro observa que Mônica foi explícita ao afirmar que as duas contas indicadas para pagamento, em euro ou dólar, são suas. Para ele, não há, com base nas provas e elementos já colhidos ao longo de toda a Operação Lava-Jato, “causa lícita e razoável” que justificasse a transação bancária arquitetada.

No bilhete, Mônica cita o envio de um contrato feito com outra empresa para que o operador use como modelo e ressalta: “Apaguei, por motivos óbvios, o nome da empresa. Não tenho cópia eletrônica, por segurança”. Apesar do cuidado, o nome da empresa não foi bem apagado e foi identificado pela Lava-jato como sendo a offshore Klienfeld, usada pela Odebrecht para efetuar pagamentos de propina.

A conta investigada pela Lava-Jato na Suíça, a ShellBil Finance, identificada como sendo do casal, e que recebeu dinheiro de corrupção da Petrobras, foi usada para transferências a Suria Santana, filha do publicitário que mora nos Estados Unidos. Suria recebeu em oitenta transações realizadas entre 2008 e 2015 US$ 442 mil. O marido de Suria, Matthew Pacinelli, recebeu em oito transações US$ 75 mil da mesma conta em 2009.

João Santana e Mônica são sócios da Polis Propaganda e da Santana & Associados. João Santana também é sócio administrador, com terceiros, das empresas JF Comunicação e A2CM. Mônica Santana é ainda sócia com terceiros das empresas 3º Bar e Restaurante e da Divina Comedia Artes e Entretenimentos.

Segundo levantamento da Polícia Federal, as empresas de João Santana e Mônica receberam R$ 171,5 milhões do PT entre 2006 e 2014.

O publicitário é investigado também pela Polícia Federal em São Paulo por suspeita de ter recebido pagamentos da Odebrecht em Angola para fazer campanha para o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. A informação consta de relatório sobre as ligações entre o publicitário e a Odebrecht assinado pelo delegado da PF Filipe Pace.


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