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Ministro reforça que todo orçamento da PF será liberado nas próximas semanas

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BRASÍLIA — O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, voltou a dizer, nesta sexta-feira, que todo o orçamento de 2016 da Polícia Federal (PF) será liberado nas próximas semanas. Segundo a pasta, o montante ainda não liberado chega a R$ 160 milhões. A liberação visa a proteger a PF, segundo Aragão. Sem citar nomes, o ministro fez referência a eventuais ingerências do governo do vice-presidente Michel Temer, que assume o cargo em caso de afastamento de Dilma. Em 11 de maio, o Senado deve votar o processo de impeachment, que, caso aceito, afastará a presidente por até 180 dias. Nesse período, haverá o julgamento dela no Senado, que poderá absolvê-la ou afastá-la definitivamente do posto.

— É muito simples. É possível que nós tenhamos uma presidenta suspensa de suas funções. E nós estamos querendo garantir que durante esse período excepcional de até 180 dias a Polícia Federal funcione independentemente da crise política — disse Aragão

Segundo o ministro, a única restrição que a PF pode ter para suas operações é a retenção de recursos, uma vez que ela executa ordens vindas da Justiça que não podem ser desobedecidas. Ele disse que é do interesse do ministério que as operações ocorram, mas condenou que elas sejam transformadas em “circo”.

— O que nós exigimos é qualidade ética nas operações. Ou seja, que elas não sejam um circo, que não se faça disso um evento público, e, sim, que se faça dentro da discrição que é típico para as autoridades que de alguma forma conflitam com a presunção de inocência dos investigados — disse Aragão, acrescentando porém que a situação melhorou durante sua gestão:

— Os senhores delegados têm sido bem mais discretos nesse meu período. E isso eu devo a um esforço do doutor (Leandro) Daiello (diretor da PF), que realmente tem feito um trabalho incessante no sentido de garantir que a polícia trabalhe de forma profissional e sem desvios de conduta.

Aragão falou com a imprensa após participar de reunião do Conselho Nacional de Política Indigenista. Estavam previstas tanto a participação da presidente Dilma Rousseff quanto a assinatura de decretos tratando da demarcação de terras indígenas. Nem uma coisa nem outra ocorreram. Dilma cancelou sua participação, e o evento, que seria no Palácio do Planalto, foi transferido para o Ministério da Justiça.

— Ela (Dilma) fazia questão de recebê-los, mas hoje está ocorrendo a sua defesa (no processo de impeachment) lá no Senado Federal, com um embate muito forte, e ela quer acompanhar essa discussão. Eu peço que compreendam, porque é um momento de crise no país, e ela precisa estar a par, precisa neste momento se concentrar na sua defesa no processo que busca tirá-la do cargo. Então é um momento muito delicado. Ela pediu mil desculpas. Realmente gostaria imensamente de recebê-los. Não é descaso. Haverá outras oportunidades, esperemos. Mas hoje à tarde (sexta-feira), ela ficou com esse problema — justificou Aragão.

Já a assinatura dos decretos, disse o ministro, ficará para a próxima segunda-feira, mas por outros motivos.

— Estávamos reunidos com a presidente até agora despachando essas terras. E houve dúvidas sobre aspectos técnicos. Então, por conta disso, a gente achou que não tinha condições de, hoje, assinar tudo. Tem alguns que já podem ser assinados e vão ser assinados, mas outros, não. Então, por conta disso, preferimos deixar o anúncio disso para o curso da semana — afirmou Aragão.


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