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Mesmo presente na Câmara, Cunha adia data para ser notificado

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BRASÍLIA – Mesmo estando na Câmara e presidindo a sessão plenária desta quinta-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou-se a receber a notificação da abertura do processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Cunha marcou para receber a notificação na próxima segunda-feira. Segundo ele, autoridades do porte dele, da presidente Dilma Rousseff, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), têm compromissos. Com a decisão de marcar para a segunda, Cunha adia o início da contagem do prazo de dez dias úteis que ele terá para apresentar sua defesa por escrito. Só depois de notificado, o prazo começa a correr.

— Não sou obrigado a estar na porta, esperando a hora que resolve aparecer, quando estou no plenário, quando estou em qualquer lugar. Todas as notificações em sempre recebi, marco hora. Inclusive as do Supremo recebi na minha casa. Não tenho nenhum problema em relação a isso. Eu não estou à disposição da mídia, eles querem colocar para a mídia no momento em que não estou aqui. Isso não é correto, é querer jogar para a plateia — disse Cunha, afirmando que o correto é como o Supremo fez com ele, combinando hora para o recebimento da notificação.

A funcionária do Conselho de Ética esteve na presidência na manhã de hoje, mas os assessores de Cunha informaram que ele estava em reunião e não poderia ser notificado naquele momento. Segundo Cunha, foi sua assessoria quem marcou a notificação para segunda-feira porque ele irá viajar ainda hoje. O Conselho de Ética conseguiu votar na madrugada de quarta-feira a abertura do processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha.

— Eu nem sabia ( que foi marcado para segunda). Isso é minha assessoria que fez, deve ter marcado uma hora na segunda-feira porque eu vou embora daqui a pouco. Nem se você chegar no Planalto, o oficial de Justiça vai entrar na sala da presidente e notificá-la na hora. Eu duvido. Nem (em relação) ao presidente do Senado. Autoridades desse porte, que têm seus compromissos, se marca. Ninguém está fugindo de intimação, não tenho necessidade de fugir de intimação — acrescentou Cunha.

DEPUTADOS VOLTAM A COBRAR SAÍDA E CUNHA

Assim como aconteceu ontem, deputados voltaram a cobrar na sessão plenária desta quinta-feira que Cunha deixe a presidência da Casa.

— Senhor presidente, tenha humildade. levante dessa cadeira. tenha a dignidade de se defender. Não é normal um ser humano com a frieza com que o senhor se comporta. Fica aí fazendo cara de paisagem — cobrou a deputado Clarissa Garotinho (PR-RJ).

O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), voltou a repetir a fala de ontem:

— O senhor não tem condições de permanecer no comando da Casa.

Segundo Cunha, esse tipo de cobrança já aconteceu várias vezes no ano passado, muitos até chegaram a obstruir as votações. O presidente disse que todos têm direito de se posicionar, mas os que cobrar sua saída são seus opositores e não votaram nele para presidir a Casa.

— Isso é do jogo político, cada um tem direito de se manifestar democraticamente como queira. Para mim não altera um milímetro. Não tem nada de clima inviável. Tenho o exercício da função e continuarei exercendo. Cada um tem direito de falar o que queria, não vou aqui condenar, nem reprimir quem quer que seja. Acho graça porque alguns,desde que se instaurou o inquérito no ano passado, fazem o mesmo discurso: “agora não tem mais condição”. Cada fato que acontece, continuam com o mesmo discurso. Já estou habituado, são meus adversários e outros que tentam surfar no processo — reagiu Cunha.

O presidente da Câmara disse que não usará a tribuna para se defender só para dar satisfação a deputados que cobram, mas são seus adversários:

— Vou fazer discurso para aqueles que vão me xingar e vão continuar xingando depois? Para que vou fazer isso? A sociedade? E aqui vocês não representam (a sociedade)? Não vejo necessidade de fazê-lo. Estou no exercício da presidência e não no mandato de deputado.

Apesar das acusações de que manobra e usa o cargo em benefício próprio, Cunha afirmou que está sendo questionado por atos de seu mandato e não atos feitos como presidente da Casa.

— Todos os atos todos questionados não são atos do meu exercício de presidente da Câmara, se fosse no exercício da presidência, ele falaria, não estou aqui para atender deputados que são meus adversários. Não vou fazer o jogo deles — disse o presidente da Câmara.

Cunha também minimizou o fato de a maioria do Supremo já ter votado a favor da aceitação da denúncia contra ele, transformando-o em réu.

— O Supremo ainda não tomou sua decisão e o próprio Supremo, em sua análise, afastou 70% das imputações. A base da denúncia é que eu teria participado de suposto esquema de corrupção da Petrobras. Isso foi ontem, praticamente do afastamento das sondas – que faz parte do Conselho de Ética, de tudo – o Supremo afastou com relação a isso. Essas coisas vão andando. O resto que foi colocado ali, os elementos de prova que tem lá, não existem. Serão facilmente comprovados por mim, no seu momento oportuno.


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