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Mercadante nega tentar barrar delação de Delcídio

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BRASÍLIA – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, negou nesta terça-feira que tenha tentado influenciar na decisão do senador Delcídio Amaral de fazer uma delação premiada, conforme indica um diálogo incluído no acordo fechado pelo parlamentar com a Justiça. Na conversa, Mercadante diz ao assessor de Delcídio, Eduardo Marzagão, que o senador deveria “esperar, não fazer nenhum movimento precipitado, deixar baixar a poeira” para “não ser um agente que desestabilize tudo”.

Com a revelação do áudio, gravado por Marzagão, Mercadante convocou uma coletiva. Disse que o ato foi um “gesto pessoal de solidariedade”, e não do governo, em virtude de uma campanha difamatória contra a família de Delcídio. Negou que tenha oferecido ajuda financeira ou que tenha tratado sobre o relaxamento de prisão de Delcídio com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Na conversa, ele diz que conversaria com Renan e que era preciso falar com Lewandowski. Mercadante afirmou que se referia a uma tese jurídica sobre a eventual participação do Senado, que havia referendado a prisão, como parte do processo para pedir uma eventual soltura. E não que iria tratar com Lewandowski do caso específico de Delcídio.

Na coletiva, Mercadante repetiu diversas vezes trechos – ressaltando que eles não foram transcritos pela revista “Veja”, que revelou as conversas na manhã desta terça-feira – em que diz não ter nada a ver com a delação, não estar “nem aí” para se Delcídio fará ou não o acordo. O interesse, segundo o ministro, era somente sugerir a identificação de alguma tese jurídica que livrasse Delcídio da cadeia.

Mas, de acordo com ele, o assessor do senador tentou induzi-lo a oferecer apoio para incluir a conversa na delação:

— Foi uma tentativa de construir mais um argumento para a delação. Ele tenta, ao longo da conversa, me induzir a interferir na defesa jurídica dele – afirmou.

— Eu digo (na gravação): ‘só dá para fazer coisa na legalidade, com transparência, com consistência, senão não vai prosperar’.

O senador Delcídio Amaral e assessores assistiram à entrevista. O senador se mostrou irritado e disse a pessoas próximas que Mercadante não agiu por solidariedade, mas para garantir que ficasse em silêncio. Mercadante disse que considera natural ser investigado, formalmente, a partir da delação premiada de Delcídio, afirmando que esse é ” o papel do procurador-geral da República”.

— Como foi feita uma denúncia formal na delação do senador Delcídio, evidente que a PGR tem que abrir uma investigação, estou inteiramente à disposição — disse.


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