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Menino morto pela PM e amigo já tinham passagem pela polícia de SP

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SÃO PAULO — As duas crianças envolvidas num assalto em que uma delas, de 10 anos, foi morta pela polícia, já tinham dois boletins de ocorrência registrados por tentativa de furto de bicicletas e de um hotel. O último foi no último dia 28 de maio, no bairro do Sacomã, zona sul de São Paulo. Eles chegaram a ser conduzidos ao Conselho Tutelar e liberados em seguida.

Os meninos estavam, segundo a polícia, num carro roubado na última quinta-feira no bairro do Morumbi, quando houve uma troca de tiros com policiais. O de 10 anos foi baleado por policiais e morreu na hora. Segundo depoimento dos policiais e do amigo dele, o menino de 10 anos disparou antes contra a polícia. O garoto de 11 anos, que estava no banco de trás do carro, foi liberado após ser detido.

A criança que morreu tinha três passagens por abrigos registrados no ano passado e neste ano. O ouvidor das polícias Júlio César Fernandes Neves disse nesta sexta-feira que vai pedir que o caso seja levado para a Corregedoria e acompanhando de perto.

— Me surpreende que um menino de 10 anos, que mal consegue alcançar o pé no pedal de um carro, tenha capacidade para fugir e sair atirando — disse Neves ao sair do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que a PM comunicou o Conselho Tutelar e a Vara de Infância e Juventude e que um inquérito de morte decorrente de oposição à intervenção policial pelo DHPP.

O comunicado diz ainda que as armas usadas pelo menor e pela PM foram apreendidas para a perícia. A Corregedoria abriu um inquérito administrativo e acompanha as investigações, “como é de praxe em todas as ocorrências envolvendo PMs”.

VÍTIMA TINHA 4 IRMÃOS

Segundo de cinco filhos de Cintia Ferreira Francelino, de 29 anos, o menino de dez anos morto era o “levado” da família. Uma prima da criança, Bianca de Jesus, conta que estão todos ainda tentando entender como uma arma chegou em suas mãos. Ela conta que a mãe do menino, Cintia, está muito abalada.

— Ela tá mal, já tomou calmante. Tem mais quatro filhos para cuidar, um de 13 e outros bebês, mas estão todos com a sogra dela. O pai ainda nem sabe. É feirante e está viajando — relata Bianca.

A prima do menor o descreve como um menino que não gostava de ficar em casa. Ele e o outro garoto de 11 anos envolvido no assalto eram como irmãos. A prima desconhece que a criança tenha se metido em “qualquer encrenca”.

— Ele era levado, mas até onde sei nunca foi envolvido com nada. Vivia o dia inteiro na rua, com esse amigo. Viviam andando de ônibus para cima e para baixo — diz a prima.


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