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Manifestantes protestam em frente à casa de Temer em SP

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SÃO PAULO — Um novo protesto contra o governo do presidente Michel Temer acontece na tarde deste domingo em São Paulo. Manifestantes se reuniram no início da tarde no Largo da Batata, em Pinheiros, e caminharam até a casa de Temer, onde chegaram pouco antes das 17h. O presidente interino deixou sua casa em São Paulo pouco antes das 15h, e se dirigiu a Brasília. Depois de uma assembleia, alguns manifestantes, liderados por Guilherme Boulos, do MTST, decidiram ficar acampados por tempo indeterminado na frente da casa de Temer. A decisão ocorreu depois de manifestantes tentarem, sem sucesso, negociar o rompimento de uma barreira policial para protestarem mais perto da casa do presidente interino.

— O governo tirou direito do trabalhador, nós avisamos. Ele mexeu com o formigueiro — disse Boulos.

Grande parte das pessoas no Largo da Batata estava de vermelho, munidas de apitos e bandeiras da CUT. O ato é organizado pela Frente Povo sem Medo, que reúne MTST, movimentos estudantis como o Juntos!, ligado ao PSOL, União da Juventude Socialista, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ligados ao PCdoB. Antes da caminhada, líderes de partidos e movimentos discursaram em cima de um carro de som. Guilherme Boulos, do MTST, foi o mais aplaudido. Ele disse que o que está acontecendo no Brasil é um “golpe duplo”. Primeiro por conta do “impeachment sem crime” e, depois, pela tentativa de implementação de um programa de governo que não foi eleito.

Boulos criticou o corte nos programas sociais, citando que 12 mil moradias destinadas aos sem terra e que já haviam sido protocoladas no Diário Oficial foram suspensas nesta semana.

— Não vamos permitir nem admitir qualquer redução na moradia popular. Que esse recado fique claro ao Michel Temer — disse, para completar: — Se isso ocorrer as terras vazias deste país vão amanhecer de lama preta porque o povo vai ocupar —garantiu.

Ao final de sua fala, justificou que o ato vai para a casa de Temer já que ele quer “tirar a casa do povo”.

— Disseram que a gente não vai chegar, que tem barreira na rua. Mas até onde a gente sabe a casa dele não é nada especial que o povo não pode chegar — afirmou Boulos. — Eles não nos de terão. Mexeram com o formigueiro, agora aguenta senhor Michel Temer, vai sair picado — completou, dizendo ainda que se for o caso o povo “vai ficar em sua casa”.

Douglas Izzo, da CUT de São Paulo, conclamou os trabalhadores a defender seus direitos. Ele garantiu que a CUT “vai parar o país”, momento em que foi ovacionado pelo público presente.

— Não queremos um governo sem voto. E não vamos aceitar nenhum tipo de retrocesso que signifique desmontar o SUS e projetos de educação que abrem oportunidades para os trabalhadores. Nós não reconhecemos esse governo golpista — afirmou.

NA CASA DE TEMER

Os arredores da casa de Michel Temer continuaram sob forte policiamento, mesmo depois do presidente interino deixar o local. Os manifestantes gritaram em coro frases como: “A periferia chegou” e “Não tem arrego, ou sai o Temer ou não vai ter sossego”.

A primeira-dama do governo interino Marcela Temer também não foi poupada: “Nem recatada e nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar”, cantavam os manifestantes. Boulos falava aos manifestantes do alto do carro de som.

Desde cedo, a Polícia Militar fechou os acessos à residência do presidente, no bairro Alto de Pinheiros, que fica em frente a uma praça. Apenas moradores conseguem ultrapassar as barreiras, localizadas a 300 metros de distância da casa de Temer.

O ato de hoje, que leva o tema “Temer jamais! Resistir nas ruas por direitos”, foi convocado pelas redes sociais.

A passadeira Maria Gonçalves, de 53 anos, usou seu único dia de folga na semana para vir ao protesto.

— Temer quer defender os ricos. Nossa vida está difícil e vai ficar pior — disse, interrompendo a conversa para cantar: Fora Temer!

TRÊS PROTESTOS NA ÚLTIMA SEMANA

O governo Temer foi alvo de três protestos na capital paulista na última semana em São Paulo. O primeiro ato ocorreu no domingo passado e saiu da avenida Paulista. Na terça-feira ocorreu o segundo protesto, manifestantes foram à Funarte criticar a extinção do Ministério da Cultura. Na sexta-feira, o terceiro protesto foi organizado por movimentos de esquerda.

Manifestantes também foram às ruas neste domingo em Brasília e no Rio. No centro da capital fluminense, cerca de 500 pessoas foram em passeada da Candelária até o Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação no Rio que está ocupado desde segunda-feira.

Em Brasília, um grupo de cerca de cem manifestantes fez neste domingo um ato contra barreira instalada perto do Palácio do Jaburu, em Brasília, que estaria pedindo a identificação de todas as pessoas que visitam o Palácio da Alvorada. A denúncia foi feita pelo senador Jorge Vianna (PT-AC) no Senado na quinta-feira. Segundo ele, antes de seguir para a residência oficial da presidente afastada, Dilma Rousseff, os visitantes são obrigados a se identificar e esperar por uma autorização do Palácio do Jaburu para passar.


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