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Lula pediu a Wagner que conversasse com Dilma e solicitasse que ela intercedesse junto a Rosa Weber

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RIO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que conversasse com a presidente Dilma Rousseff e pedisse a ela que interecedesse junto à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, responsável por analisar o pedido de suspensão das investigações a respeito do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia. A defesa de Lula argumentava que havia um conflito, já que o Ministério Público de São Paulo e a força-tarefa da Lava-Jato, em Curitiba, investigavam as mesmas ações.

Pelas transcrições, não se sabe se a conversa de Wagner com Dilma aconteceu. No mesmo dia em que o diálogo foi gravado, 4 de março — dia em que Lula foi levado a depor —, a ministra negou a liminar e manteve a competência das duas esferas do Ministério Público para prosseguir com os trabalhos. A defesa de Lula recorreu da decisão.

Wagner e Dilma estavam lado a lado quando houve o pedido de Lula. Antes de conversar com Wagner, Lula havia falado ao telefone com a presidente. De acordo com a Polícia Federal (PF), as referências a “ela” contidas no diálogo são referências a Dilma.

LULA: Mas viu querido, ela tá (sic) falando dessa reunião, ô Wagner, eu queria que você visse agora, falar com ela, já que ela tá aí, falar o negócio da Rosa Weber, que tá na mão dela pra decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram.

JAQUES WAGNER: Tá bom, falou! Combinado, valeu querido, um abraço. Um abraço na Marisa e nos meninos…

Em diálogos anteriores, a intenção de conversar com a ministra também aparece. No dia em que a defesa pediu a suspensão das investigações, 26 de fevereiro, o advogado Roberto Teixeira conversou com um assessor de Lula e pediu a ele que avisasse ao “nosso amigo” que o “nome daquele assunto é Rosa Weber”. Em outra conversa, o advogado diz que o “baianinho” (Jaques Wagner, segundo a PF) seria o caminho para chegar a “ela” (neste trecho, a PF não identifica se a referência é à Rosa Weber ou à Dilma).

No mesmo dia 26, Lula e Jaques Wagner estavam no Rio. O ex-presidente pede uma conversa particular com Wagner, o que acaba não acontecendo.

LULA: Então fale com o Cristiano (advogado de Lula). Porque você tem que falar com “uma pessoa” em Brasília

JAQUES WAGNER: Não, tudo bem. Eu vou atender ele agora. Agora deixa eu te dizer: É “ela”? “Aquilo” que você falou? Se você… se der para você, ela marcou segunda de noite.

LULA: Bicho, é o seguinte: se eu não tiver preso, eu vou! (risadas) Caralho!

Também não há, nos diálogos, uma identificação clara se a reunião marcada para “segunda de noite” aconteceu de fato e se teria a presença de Dilma ou de Rosa Weber.

No dia seguinte, 27 de fevereiro, Lula e Wagner conversam novamente. Ao lado do ex-presidente, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também conversa ao telefone com o ministro e se dispõe a ir até Salvador para conversar pessoalmente sobre um assunto que a PF acredita ser a possível influência sobre Rosa Weber.


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