Lula diz que se Temer quer ser presidente precisa disputar eleição
SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, em ato contra o impeachment organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, que se o vice-presidente Michel Temer quer ser presidente deve “disputar no voto”. O líder petista ainda cobrou a mobilização para o dia em que for colocado em votação o impeachment.
— Não tenho nada contra o Michel Temer. A única coisa que poderia falar é, companheiro Temer, se você quer ser presidente da República, dispute a eleição, meu filho. Vai pra rua pedir voto. Esse negócio de pensar em encontrar um caminho para chegar lá não dá certo — disse Lula.
Na avaliação do ex-presidente, os movimentos sociais que lutam contra o impeachment precisam estar preparados para fazer uma grande mobilização no dia da votação do afastamento da presidente na Câmara Federal.
— No dia que for colocado em votação o impeachment, nós temos que estar na rua. Estão querendo preparar uma mutreta para nós, estão querendo avisar apenas os coxinhas — afirmou Lula, complementando ser necessário “avisar nosso povo” que não deverá ser permitido que “nossa constituição seja rasgada e nossa democracia arranhada”.
De acordo com os organizadores, o ato hoje reuniu 5 mil pessoas. Lula também atacou um dos principais aliados de Temer, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que é filiado ao PMDB. De acordo com o ex-presidente, Skaf precisa ser questionado se está utilizando dinheiro do sistema S para bancar a campanha a favor do impeachment.
— Se o Paulo Skaf, está fazendo toda publicidade que está fazendo na avenida Paulista, o movimento sindical precisa perguntar se aquele dinheiro é dinheiro público do sistema S. Se for dinheiro do Sistema S, o movimento sindical tem que cobrar, porque o sistema S cobra 2,5% da folha da pagamento.
O líder petista ainda prometeu que, se for autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a assumir a Casa Civil, o governo vai abrir um amplo diálogo com os movimentos sociais.
– Se tem alguém que reclama que a presidente Dilma não conversa, vai se lascar, porque vou conversar mais do que bicho ruim.
Em discurso, o ex-presidente também reconheceu problemas na economia.
– É preciso dar uma certa consertada na política econômica – disse.
Lula anunciou que nesta terça-feira viajará para Brasília e mandou um recado para a presidente:
– Dilminha, segura a barra, porque não vai ter golpe neste país – afirmou.
Também presentes ao evento, lideres da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Sem Terra (MST) prometeram ir às ruas caso Michel Temer (PMDB) assuma a Presidência da República.
— Não vai ter golpe, e, se tiver, o Temer não vai ter um dia de sossego neste país — disse Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o peemedebista será combatido até devolver o poder a Dilma.
— O Temer é golpista. Ele não vai ser presidente. E se alguém achar que o Temer vai ser um golpista na presidência, no primeiro dia nós vamos combatê-lo até retirá-lo para voltar a presidente Dilma.
A Frente Brasil Popular, formada pela CUT, MST, UNE e outros movimentos sociais ligados ao PT, pretende montar a partir do próximo dia 10 um acampamento na frente do Congresso Nacional.
De acordo com Gilmar Mauro, o objetivo é reunir cerca de mil pessoas. Os manifestantes devem ficar no local, pelo menos, até o dia 18. Mas dependendo do andamento do processo de impeachment, o acampamento pode ser estendido até o final do mês.
— Se a votação do impeachment na Câmara acontecer mesmo no dia 17, vamos fazer, além do acampamento, uma concentração com milhares de pessoas de todo o país na frente do Congresso — afirmou o dirigente do MST.