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Ligar morte de Celso Daniel à corrupção é achismo, diz advogada

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CURITIBA – A defesa do empresário Ronan Maria Pinto disse, nesta segunda-feira, que relacionar a morte do prefeito Celso Daniel, ocorrida em 2002, com as investigações da 27ª fase da Operação Lava-Jato foi um “achismo” do juiz Sérgio Moro. A advogada Luiza Oliver disse ainda que a tese do Ministério Público Federal (MPF), de que Ronan recebeu R$ 6 milhões em 2004 como resultado de uma chantagem que fez contra petistas, parece “sem pé nem cabeça”.

A mais recente fase da Lava-Jato apura um empréstimo de R$ 12 milhões feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Banco Schain para pagar dívidas do PT. Segundo o MPF, metade do valor foi repassado a Ronan por meio de contratos com uma empresa carioca chamada Remar e ele teria usado o dinheiro para comprar parte do Diário do Grande ABC. Outra metade teria saldado dívidas de campanha petista em Campinas. Em troca, o grupo Schahin teria sido beneficiado em um contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras.

Ronan diz que pegou empréstimo de R$ 6 milhões

Ronan prestou depoimento à Polícia Federal (PF) e ao MPF por cerca de três horas e meia na tarde desta segunda-feira. O empresário afirmou que não tem nenhuma relação com Bumlai ou Schahin, e que o dinheiro que recebeu da Remar foi um empréstimo, já quitado. Ele sustentou que utilizou os cerca de R$ 6 milhões para renovar a frota de uma de suas empresas de ônibus, e não para comprar o jornal. O empresário garantiu, ainda segundo sua defensora, que não tem qualquer relação com a morte de Celso Daniel.

– Não tem relação nenhuma. O próprio juiz Sérgio Moro diz (no despacho que autorizou a operação, nesta sexta-feira) que (a morte de Celso Daniel) pode ou não pode (ter relação com o empréstimo conseguido por Bumlai). É uma suposição, um achismo – disse a advogada Luiza, após acompanhar o depoimento de seu cliente.

No fim do ano passado, Ronan foi condenado pela Justiça de São Paulo a 10 anos e quatro meses de prisão por ter participado de um esquema de corrupção durante a gestão Celso Daniel em Santo André, entre 1999 e 2001. Ele também nega o envolvimento nesses crimes e aguarda o julgamento de recursos em liberdade. Uma das possibilidades levantadas pelo MPF é que o empresário pediu os R$ 6 milhões para não contar que o esquema de corrupção irrigaria o caixa 2 do PT.

– O empréstimo foi feito para renovar a frota de uma de suas empresas, tanto que parte do dinheiro foi direto para a Mercedes. Esse dinheiro foi obtido regularmente junto à Remar, com quem ele já tinha negócios. Ele tem a quitação do empréstimo, inclusive. Agora, o que a Remar fez, o que Schahin fez não tem a ver com Ronan – afirmou Luiza.

A advogada afirmou que toda a operação de compra do jornal custou R$ 30 milhões, pagos cinco vezes mais do que o valor que teria sido pago entre 2001 e 2007. Em uma tentativa de delação premiada, o publicitário Marcos Valério afirmou que Ronan teria chantageado dirigentes petistas para conseguir o dinheiro. A advogada do empresário negou a acusação:

– Nunca houve chantagem. Se a ideia era calar (a imprensa), precisaria comprar todos os jornais do país porque (a morte de Celso Daniel) foi matéria no Brasil inteiro. Não faria sentido comprar um jornal pequeno do ABC. Então me parece ser um pouco sem pé nem cabeça essa fundamentação.


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