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Lava-Jato: PF indicia Valdir Raupp por corrupção e lavagem de dinheiro

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BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) indiciou o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em inquérito da Operação Lava-Jato. Ele é investigado pelo recebimento de R$ 500 mil da construtora Queiroz Galvão. Os recursos teriam sido desviados da Petrobras e repassados por meio de doação eleitoral ao diretório rondoniense do PMDB, durante a campanha de 2010.

O indiciamento de parlamentares pela PF é matéria polêmica e o próprio Raupp já apresentou reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida. Além do senador foram indiciados a assessora Maria Cleia Santos de Oliveira e o cunhado Pedro Roberto Rocha.

“Diante de tudo exposto, somados os elementos de prova demonstrados nos tópicos anteriores, reunindo desde a tomada de diversas declarações, análise de passagens aéreas, vínculos societários e familiares, cruzamento de extratos telefônicos dos envolvidos, foi possível confirmar a implicação do Senador Valdir Raupp de Matos e da assessora Maria Cleia Santos de Oliveira feita pelos colaboradores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, assim como revelar a participação de Pedro Roberto Rocha, também responsável pela assinatura dos recibos eleitorais das doações promovidas pela Queiroz Galvão”, diz trecho do despacho de indiciamento da delegada Graziela Machado da Costa e Silva, concluído em 6 de junho deste ano.

O caso foi relatado por três delatores da Lava-Jato: o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, e o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano. A PF apontou uma anotação encontrada na agenda de Paulo Roberto Costa, que dizia “05, WR”. O próprio ex-diretor da Petrobras viria a esclarecer na sua delação que se tratava de um repasse de R$ 500 mil para Raupp, uma vez que acreditava que o primeiro nome do senador fosse com W, e não com V.

Yousseff, por sua, vez confirmou a existência de e-mails que já tinham sido interceptados. Neles, Othon Zanoide Moraes Filho, que era diretor-geral do grupo Queiroz Galvão, cobrou de Youssef recidos de doações, entre eles um do PMDB de Rondônia, no valor de R$ 300 mil. Houve ainda outra doação de R$ 200 mil, totalizando os R$ 500 mil.

A delegada destacou que foi difícil coletar provas do caso, mas, “apesar disso, foi possível extrair, a partir de depoimentos e de outras provas técnicas, fragmentos informativos que, no cômputo, permitem, em juízo cognitivo próprio do âmbito indiciário, concluir pela ocorrência da solicitação e remessa de dinheiro, tal como narrado pelos colaboradores Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e Fernando Antônio Soares Falcão”.

Além desse inquérito, Raupp é investigado em outro, junto com mais 38 pessoas. Trata-se do processo da Lava-Jato no STF com o maior número de investigados. Nesse caso, apuram-se os crimes de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Na última segunda-feira, sete dias depois de o indiciamento ter sido feito, a defesa Raupp apresentou uma reclamação contestando o indiciamento. Segundo os advogados, parlamentares podem ser indiciados somente após autorização do STF. Eles citaram inclusive um despacho anterior de Teori, no qual analisou o indiciamento da senadora Gleisi Hoffmann pela PF. Apesar de ter indicado que a medida foi indevida, o ministro não tomou uma decisão ainda. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também já se posicionou contra o indiciamento de Gleisi.

“Não obstante o regular processamento da investigação, em 29.3.2016 a autoridade ora reclamada concluiu as diligências até então solicitadas pela Procuradoria-Geral da República, e deferidas por este Relator, ocasião em que, ao final, determinou o indiciamento dos investigados, entres eles o da reclamante, ato que, pelo menos neste juízo inicial, estaria em dissonância com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que é inviável indiciamento promovido pela autoridade policial em face de parlamentar investigado no âmbito desta Corte”, escreveu Teori ao analisar a reclamação de Gleisi.


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