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Jornalistas processados por juízes recebem prêmio da ANJ

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SÃO PAULO. O jornal “Gazeta do Povo” e os seus cinco profissionais que estão sendo processados por juízes do Paraná devido a uma reportagem que revelou a remuneração dos representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público do estado receberão o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2016, concedido pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ).

De acordo com a associação, a “escolha representa o apoio ao jornalismo de qualidade e à coragem da “Gazeta do Povo” ao abordar os privilégios injustificáveis autoconcedidos pelos magistrados e membros do Ministério Público paranaense”.

A reportagem mostrou que o rendimento médio dos juízes e dos integrantes do Ministério Público no Paraná, em 2015, superou o teto constitucional em mais de 20%. Com base em dados dos portais da transparência do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) e do Ministério Público do Paraná (MP-PR), os jornalistas contabilizaram os salários e os benefícios, como indenizações, pagamentos retroativos e auxílios. Logo após a publicação da reportagem, os juízes ingressaram com uma série de ações contra o jornal e os profissionais. Até 10 de junho, foram abertos 44 processos, segundo o jornal.

As ações foram protocoladas em diferentes cidades paranaense no Juizado Especial, que aceita causas de pequeno valor (até 40 salários mínimos) e obriga os profissionais a comparecerem a todos as audiências de conciliação para não serem condenados à revelia. Os jornalistas têm sido obrigados a se afastar do trabalho para comparecer às audiências e já foram obrigados a rodar mais de 6.00quilômetros pelo estado. A ANJ classifica a investida como “assédio judicial”.

Estão sendo processados os repórteres Chico Marés, Euclides Lucas Garcia e Rogerio Waldrigues Galindo, o analista de sistemas Evandro Balmant e o infografista Guilherme Storck

A defesa da “Gazeta do POVO” afirma que o texto das ações é praticamente idêntico, o que configuraria um movimento orquestrado. Além disso, numa mensagem de áudio enviada para o grupo de Whatsapp da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), o presidente da entidade, Frederico Mendes Junior, diz, logo depois da publicação da reportagem, que está “providenciando um modelo de ação individual” para os associados.


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