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Jornalistas acusam MST de cárcere privado e ameaças no Paraná

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SÃO PAULO – Dois jornalistas da TV Tarobá Cascavel, afiliada da Band no Paraná, acusam integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de ameaças contra a equipe e cárcere privado. Em vídeo, publicado na página da emissora, o repórter cinematográfico Davi Ferreira e a repórter Patrícia Sonsin contam que se aproximavam da região de Quedas do Iguaçu, invadida pelo movimento, quando cerca de 50 pessoas, em posse de pedras, facões e foices, se aproximaram.

“Foi um momento de pavor. Nos obrigaram a desligar o equipamento, e a gente viu que, se não desligássemos, a coisa ia ficar pior”, relata Ferreira. “Fisicamente, eles não nos agrediram. E não vimos armamentos, mas os vizinhos relatam que, quando entram nas propriedades, eles vão armados”, completa.

Patrícia afirma que a dupla fazia imagens de longe do acampamento do grupo e que foi cercada ao manobrar o carro para sair do local.

“A gente pedia calma, e nisso nos escoltaram até o acampamento deles. Lá fizeram uma espécie de reunião com os líderes para verem o que iam fazer com a gente”, relatou Patrícia.

A dupla lembra ainda que o grupo ameaçava quebrar o equipamento de trabalho que usavam a todo instante.

Os repórteres registraram um boletim de ocorrência na 15ª SDP. De acordo com a assessoria de imprensa da polícia civil do Paraná, os dois informaram ao delegado Adriano Chohfi que foram mantidos “em cárcere privado por cerca de 30 minutos, por grupo que dizia ser do MST”. O órgão informou ainda que já instaurou um inquérito e que está tentando localizar o grupo com ajuda de fotos. Nenhum suspeito foi identificado.

Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) lamentou e condenou a ação, “um dia após a invasão e o vandalismo promovidos por outros integrantes do movimento na sede do Grupo Jaime Câmara, em Goiânia (Goiás)”. A ANJ lembra ainda que “em mais um episódio criminoso, os integrantes do MST atentaram contra a integridade física dos jornalistas, impediram que eles exercessem sua atividade profissional e, durante cerca de vinte minutos, os mantiveram reféns”. Para a entidade, essa escalada de agressões e violência contra o trabalho jornalístico “é fruto da intolerância, autoritarismo e impunidade”. A associação ressaltou que aguarda que o episódio seja investigado pelas autoridades e que a justiça prevaleça.

A ABI – Associação Beltronense De Imprensa, que representa profissionais da área de comunicação, jornalismo e publicidade de Francisco Beltrão e da região sudoeste do Paraná, também se pronunciou em sua página, afirmando que “repudia veementemente a atitude dos integrantes do MST de Quedas do Iguaçu. A ABI diz ainda que se solidariza com a equipe. “É um absurdo privar a imprensa de ir em busca da informação e mais absurdo ainda é a sensação de que para algumas pessoas não existe lei nesse país. A associação espera que as autoridades possam tomar providências para que os responsáveis sejam punidos”, finaliza.

Em seu site, a Abert, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, repudia o número crescente de atentados à liberdade de imprensa. “Em dez dias, foram contabilizados 21 casos de agressões, detenções, ofensas, ataques e vandalismo. Desde o início de 2016, os números impressionam: em pouco mais de dois meses, foram 57 casos de atentados à liberdade de imprensa”.

O MST não retornou o contato de O GLOBO.


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