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Jornais internacionais destacam caráter ‘histórico’ da votação de impeachment

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RIO – A imprensa internacional acompanha com atenção a votação da Câmara dos Deputados que irá decidir a continuidade ou não do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo a imprensa estrangeira, o destino de Dilma deve ser definido neste domingo, já que as suas chances de reverter o quadro no Senado seriam poucas. Os jornalistas de fora também destacam a figura de Michel Temer, que deve ter dificuldades em encontrar o apoio popular.

Neste domingo, o “New York Times” publicou, em sua edição impressa, reportagens sobre eleitores desiludidos com o governo Dilma. Segundo o jornal americano, a falta de esperança entre a classe operária é o sintoma mais forte da perda de apoio da presidente entre a população.

“É difícil encontrar muito apoio entre os eleitores da classe operária que antes eram fortes apoiadores do Partido dos Trabalhadores, o grupo de esquerda que desafiou o regime militar uma geração atrás e depois chegou ao poder prometendo uma sociedade mais justa”, escreve o “NYT”, que conversou com trabalhadores nos arredores do Planalto.

O espanhol “El País” chama o domingo de “Dia D” de Dilma, que “provavelmente sairá derrotada”. A reportagem trata um perfil da presidente, que é descrita como uma tecnocrata que não herdou os poderes de negociação de seu mentor, o ex-presidente Lula.

“De um lado, há um congresso adverso e inimigo. Do outro, uma presidente com personalidade que não sabe ceder nem render-se”, analisa a reportagem, que defende que a inabilidade política da presidente pode agora prejudicá-la.

“Quando os deputados aliados de Rousseff — agora na trincheira dos que são a favor do impeachment — procuravam a presidente para pedir verbas para obras em seus estados, ela os recebia com a mesma consideração que a qualquer outro deputado”, diz o texto.

Na França, o “Le Monde” publicou no site uma lista com “fatos que se deve saber antes da votação decisiva sobre a destituição de Dilma Rousseff”. Para o jornal, a disputa por votos será bastante acirrada. O veículo ainda destaca a figura de Michel Temer:

“Pouco popular, Temer é suspeito de ter sido beneficiado de financiamentos ilegais dentro da campanha de Dilma Rousseff e foi citado por investigados no caso da Petrobras em uma aquisição ilícita de etanol”, afirma o artigo, em referência à delação do senador Delcídio do Amaral no âmbito da Operação Lava-Jato.

No canadense “The globe and mail”, a reportagem observa que a reunião de grupos contra e favor do impeachment em Brasília deve ser a maior desde 2003, durante a comemoração da vitória de Lula nas eleições. A reportagem também retrata Temer como uma figura “maquiavélica”.

“Temer, o homem que pode tornar-se presidente, era um desconhecido do público geral até recentemente. Mas ele é um político veterano do PMDB, que nos últimos dias demonstrou uma personalidade maquiavélica enquanto tenta chegar ao poder. Ele diz que planeja um governo de unidade nacional com um ajuste fiscal pró-mercado que irá melhorar a economia. Mas 58% dos brasileiros defendem que ele também deveria sofrer um impeachment — ele era vice-presidente quando Rousseff cometeu o seu suposto crime — e dizem que nenhum dos dois deveria ser presidente”, escreve a correspondente do veículo no Brasil.


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