Brasília Amapá |
Manaus

‘Interinidade não significa que o país deva parar’, diz Temer

Compartilhe

BRASÍLIA – Em discurso de apresentação de medidas econômicas no Palácio do Planalto nesta terça-feira, o presidente interino Michel Temer afirmou que, apesar de estar em situação de interinidade, isso não significa que o país deve parar. Ele refutou que haja qualquer ruptura com a Constituição em seu governo e disse que o cargo de vice-presidente e a possibilidade de que este assuma a chefia de Estado em caso de afastamento do titular é uma consequência do próprio texto da Constituição. Temer também reafirmou que seu governo não interfere nas investigações da Lava-Jato, disse que sofre “agressões psicológicas” e ressaltou que as medidas de sua gestão serão tomadas em sintonia com a sociedade. Ao comentar as indas e vindas de seu governo, Temer chegou a bater na mesa com veemência, dizendo que é um erro imaginar que ele é “coitadinho” e “tem compromisso com o erro”. “Fui secretário de Segurança Pública de São Paulo. Tratava com bandidos”.

INFOGRÁFICO: Os tropeços e os investigados do governo Temer

– A interinidade não significa que o país deve parar. Pelo contrário. O que devemos é fazer todos os atos e fatos que possam levar o país adiante. Eu sou uma consequência da Constituição. Não eu propriamente. O vice-presidente da República é uma consequência do texto constitucional. Portanto, quero refutar aqueles que a todo instante pretendem dizer que houve uma ruptura com a Constituição. Isso não é verdade.

Temer afirmou que tem sido vítima de agressões psicológicas com o intuito de amedrontá-lo, mas garantiu que não dará ouvidos a isso.

– Quero deixar claro que nós temos sido vítimas de agressões, de agressão psicológica. Não temos preocupação com isso. Os comentários são apenas para revelar que temos que cuidar do país. Aqueles que quiserem esbravejar façam o que quiserem, mas pela via legal – rebateu Temer, acrescentando:

– Devemos levar o governo adiante, aconteça o que acontecer.

Em uma única referência indireta ao caso que derrubou o ministro do Planejamento Romero Jucá, Temer reforçou que seu governo não irá impedir investigações em curso.

– Muitas e muitas vezes se diz que estamos em busca de eliminar ou dificultar qualquer investigação apuratória, isso contestaria o que disse em outros momentos, não posso invadir a competência de outro poder – declarou, ressaltando:

– Não vamos impedir a apuração com vistas à moralidade pública e administrativa. Ao contrário, vamos sempre incentivá-la. Tem determinados momentos que não dá para silenciar. Se silencia é porque concorda. Se eu ficar presidente quero cumprir uma missão que Deus colocou na minha frente para que eu ajude a tirar o país da crise.

O peemedebista declarou que não vai criticar quem esteve no governo, mas “olhará para a frente”. Temer disse que é como Juscelino Kubitschek (JK) e que “não tem compromisso com o erro”, se referindo a recentes recuos no governo.

– Nós somos como o JK, nós não temos compromisso com o equívoco, portanto, quando houver algum equívoco governamental nós reveremos este fato, de modo que eu vi aqui: “Bom, mas o Temer está muito frágil, coitadinho, não sabe governar”, conversa! Eu fui secretário da Segurança Pública duas vezes em São Paulo, e tratava com bandidos. Então eu sei o que fazer em um governo, e saberei como conduzir.

Se errar, “consertá-lo-ei”, brincou.

– Agora, meus caros, quando eu perceber que houve um equívoco na fala, um equívoco na condução do governo, eu reverei essa posição. Não tem essa coisa de não errei. Não aceito errar. Posso ter errado e procurarei não errar. Mas se o fizer, concertá-lo-ei. As pessoas não gostaram do ‘ei’, do ‘lo-ei’, mas consertá-lo-ei, quer dizer, de modo que eu falei assim, quase solenemente, mas apenas para revelar ao senhores a importância desse momento que nós estamos vivendo no país.

O presidente disse ainda que está há 12 dias no governo, mas que abre jornais e parece “que está há dois anos”. Temer enfatizou que “devemos pacificar o país” e que nenhuma medida será tomada sem a “concordância” da sociedade. Segundo ele, o governo está trabalhando com o objetivo central de retomar o crescimento econômico, reduzir o desemprego e alçar quem está na pobreza absoluta à condição de classe média.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7