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Governo espera resposta de Lula sobre ministério

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BRASÍLIA – O Palácio do Planalto está em compasso de espera por uma resposta do ex-presidente Lula, se aceita ou não ser ministro. Em Brasília desde ontem à tarde, Lula resiste à ideia apresentada pelos ministros petistas, com a concordância da presidente Dilma Rousseff, segundo o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva. A pressão é intensa para que aceite e sua nomeação é vista pelos petistas como a esperança de o governo sair das cordas. Pesa muito na decisão de Lula, no entanto, o fato de que se aceitar ser ministro, estará em busca de foro privilegiado para evitar uma eventual prisão pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato.

— Tem que colocar na balança o que é mais importante. A governabilidade e um processo de abertura de diálogo com todos os setores, que Lula pode fazer; ou a preocupação com a interpretação de que será dada, se está fazendo isso para se proteger — disse ao GLOBO um auxiliar palaciano.

O ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) defendeu abertamente, nesta quarta-feira, que Lula assuma um cargo na Esplanada.

— Quem não quer o Pelé jogando no seu time — questionou, fazendo a ressalva de que uma decisão sobre aceitar ser ministro cabe ao ex-presidente.

Ministros, senadores e deputados petistas têm feito um apelo para que Lula seja indicado ministro por Dilma. Os postos sugeridos são a pasta de Berzoini, Fazenda, Justiça e Casa Civil.

— Esta é a resposta de um milhão de dólares, se Lula vai ou não aceitar — disse um ministro que pediu reserva ao GLOBO.

Pela manhã, Lula esteve na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para um café da manhã que reuniu senadores da base aliada e reclamou de perseguição do Ministério Público. Nesta conversa, ouviu um apelo para que aceitasse ser ministro, como forma de dar ânimo ao governo e ajudar na recomposição política.

Na casa de Renan, Lula não demonstrou ânimo em assumir uma pasta no governo. No entanto, não negou de forma categórica a possibilidade, o que gerou expectativa de ministros petistas e auxiliares presidenciais de que poderá dizer sim a Dilma.

DEPUTADO QUER FORO PRIVILEGIADO PARA EX-PRESIDENTES

Preocupado com o que chamou de ilegalidades crescentes cometidas na Operação Lava-Jato, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse ao GLOBO nesta quarta-feira que estuda apresentar um projeto de lei restabelecendo foro privilegiado para ex-presidentes. Há uma preocupação real no PT de que Lula venha a ser preso no âmbito da Lava-Jato.

— Se um ex-presidente será julgado por atos que cometeu enquanto ocupava o cargo, que seja pela Corte Suprema. A Lava-Jato é uma operação ilegal, com um festival de práticas arbitrárias. O (Sérgio) Moro não é um juiz, é um inquisidor — criticou o deputado, ao defender a ideia.

O fim do foro privilegiado para ex-presidentes passou a valer em setembro de 2005, após decisão do STF que julgou inconstitucional o dispositivo que criou o benefício. Três anos antes, em um dos últimos atos do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), uma lei estendeu o foro privilegiado para ex-autoridades. Ela foi aprovada num acordo com o PT, que à época era oposição. FH temia ser alvo de processo após deixar a Presidência, sobretudo se ficasse nas mãos de juízes de primeira instância, temor agora compartilhado por Lula.


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