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Fernando Henrique diz que não vê riscos para a democracia com impeachment

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SÃO PAULO – Um dia depois de a Câmara dos Deputados ter aprovado o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que não vê riscos à democracia com o impeachment, qualificado por ele como algo “violento”, porque contraria a vontade expressa pelo voto nas eleições, mas descartou que se trata de golpe.

— Ninguém pode colocar como objetivo político a chegada ao impeachment. Ele tem que ser uma consequência de atos e fatos de duas dimensões: uma é jurídica, a Constituição tem que dizer se aquilo é ou não crime de responsabilidade, e outro é política, se o governo tem força ou não para governar. Quando se juntam essas coisas é muito difícil evitar o processo. Mas tem que ser dentro da regra. Em todo esse debate que estamos vivendo hoje eu não creio que haja riscos à democracia — declarou oex-presidente.

Falando sobre o impeachment, FH lembrou que eu assistiu, depois da Constituição de 1988, “o primeiro presidente da República eleito sofrer um impeachment”.

— É um processo violento porque nós temos que contrapor a vontade do povo com a decisão político-jurídica que emana do Congresso — comentou.

Reconhecendo que “hoje não é dos dias mais fáceis para mim, já que a noite foi agitada e o dia será também”. Indagado por um jornalista sobre a situação de Michel Temer, FH falou apenas que o vice “não pode ser chamado de presidente interino porque a presidente é a Dilma”. FH disse que é preciso esperar o que acontecerá no Senado. O ex-presidente falou brevemente com a imprensa e não comentou rumores de que se encontraria com o vice em São Paulo.

— O que impressionou mais ontem foi o povo, que está maduro. Estamos passando por um momento difícil e não houve conflito. É preciso manter a calma, o Brasil é de todos. Pelas circunstâncias, sou obrigado a reconhecer que o governo já não tem mais condições de governar, além de ter arranhado a Constituição.

Fernando Henrique falou a uma plateia de intelectuais e pesquisadores no seminário “Desafios ao Estado de Direito na América Latina – Independência Judicial e corrupção” promovido pela Fundação Getúlio Vargas e pelo Bingham Centre of Rule of Law, de Londres. Perguntado por um dos espectadores, ele comentou a baixa qualidade dos deputados federais dizendo que por um tempo havia alto e baixo clero na Câmara.

— Agora é tudo baixo clero, basta ver a votação de ontem. É preciso ver o outro lado da moeda, houve uma democratização grande e aparecem como representantes da sociedade pessoas que antes não estavam no Congresso. É uma inclusão, uma mobilidade social. Aquilo que nós vemos na televisão como representantes do povo, eles são representantes do povo, foram eleitos pelo povo.


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