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Fernando Baiano reafirma repasse de R$ 4 milhões a Eduardo Cunha

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BRASÍLIA — O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, confirmou, no Conselho de Ética, que repassou dinheiro de propina de negócios na Petrobras diretamente ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O valor chegou a R$ 4 milhões. Ele disse que se encontrou Cunha, no escritório e na residência do peemedebista no Rio, entre dez a vinte vezes. O lobista afirmou também que não fez depósitos no exterior para o presidente da Câmara.

Baiano afirmou que conheceu Cunha em 2009 e, no ano seguinte, conversaram sobre doação de campanha eleitoral, recursos que Cunha teria pedido

Baiano explicou que as empresas estrangeiras que representava, como a Samsung, não faziam doações de campanha. Aí, então, segundo ele, Cunha perguntou se não teria como ajudá-lo e Baiano falou da dívida que tinha a receber do lobista Júlio Camargo, por negócios que intermediou junto a Petrobras. Baiano afirmou ter uma uma dívida de US$ 16 milhões de Camargo e pediu ajuda a Cunha para receber. E, assim, Cunha receberia parte desse recurso.

Baiano afirmou que repassou a Cunha R$ 4 milhões e que o acerto do peemedebista com Camargo era que recebesse R$ 7 milhões. Segundo Baiano, em 2014 Cunha ainda tinha dinheiro a receber de Camargo, cerca de R$ 700 mil. Baiano disse que não entregava o dinheiro diretamente a Cunha mas a um funcionário do deputado, no escritório do Rio, de nome Altair. Baiano afirmou que nunca fez depósitos no exterior para Cunha.

— Nunca entreguei (o dinheiro) diretamente a ele (Cunha), mas a pessoas indicadas por ele — disse Baiano, no conselho.

O depoente também disse que tratou primeiramente com Cunha que repassaria a ele 20% do montante que conseguiria receber de sua dívida (de Baiano) com Júlio Camargo. Mas, que depois, essa parcela foi para 50%.

Baiano deu outra versão de Cunha e afirmou que foi sim na casa do peemedebista. No depoimento à CPI, Cunha negou que tenha recebido visita de Baiano.

— Estive na casa dele — disse Baiano.

O lobista disse também que nunca fez repasses diretamente para outros políticos, apenas para Cunha. Ele afirmou que os políticos colocavam seus agentes nas empresas

— Em todo lugar tem gente boa e gente ruim. Agora, imputar aos empresários a corrupção… não é verdade. A não ser o deputado Eduardo Cunha, nunca procurei nenhum político para oferecer dinheiro. O pleito sempre vinha dos políticos usando agentes políticos colocados por eles nas empresas. Não são os empresários os culpados pelo o que está acontecendo — disse Baiano.

Baiano afirmou que, nas conversas com Cunha, nunca usaram o termo “propina”. Sandro Alex (PPS-PR) afirmou que o dinheiro que ele repassava a Cunha era isso, propina.

— Chama-se propina pagamento a um político para liberação de dinheiro levado da Petrobrás. É o termo que usamos aqui nessa comissão. Chama-se propina — disse Sandro Alex.

— Sim, eu sei. Só disse que nunca tratei o termo propina com ele (Cunha). Mas que é propina é propina! É vantagem indevida — disse Baiano.

Baiano disse ainda que, após o início da Operação Lava-Jato, chegou a conversar duas vezes com Cunha, mas que nunca trataram dessas investigações.

— Ninguém imaginava a dimensão que tomaria — disse Baiano.

A sessão do Conselho de Ética começou com confusão. Antes de abertura, o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), e outros deputados do colegiado, receberam uma petição com 1,3 milhão de assinaturas pedindo a cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O coordenador de campanha da Avaaz, uma plataforma que promove campanhas pela internet, Diego Casaes, no momento que entregava a petição foi xingado por Laerte Bessa (PR-DF), um aliado de Cunha, que tirou um dos cartazes das mãos do ativista.


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