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Ex-ministro Paulo Bernardo recebeu mais de R$ 7 milhões em propina, dizem investigadores

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SÃO PAULO – O esquema de fraudes que levou à prisão o ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), nesta quinta-feira, movimentou R$ 100 milhões em propinas entre 2010 e 2015 com um único convênio para gerenciamento e controle dos empréstimos consignados tomados por servidores públicos federais, fechado pelo Ministério do Planejamento. Segundo a investigação, Paulo Bernardo recebeu mais de R$ 7 milhões relativos ao negócio firmado em sua gestão como ministro do Planejamento e continou a receber mesmo depois de ter assumido o Ministério das Comunicações, em 2011.

Paulo Bernardo recebeu a propina por meio de um escritório de advocacia, que ficou com 20% do valor. O escritório repassou cerca de R$ 5,6 milhões por meio de compra de bens, como lofts e garagens, e ações defendidas na Justiça Eleitoral.

A licitação do sistema de gestão dos empréstimos foi direcionada à Consist, num acordo firmado em 2009 que envolveu também os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Paulo Ferreira, marido de Tereza Campelo, a ex-ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma. Cerca de dois terços da propina eram direcionados ao partido. O caso foi revelado pelo GLOBO em agosto do ano passado.

A cada real, R$ 0,70 de propina

Para cada mensalidade paga pelo tomador do empréstimo, a Consist, cobrava R$ 1, dos quais apenas R$ 0,30 correspondia de fato ao custo de seus serviços. O restante – R$ 0,70 – correspondia a propina distribuída a pessoas que integravam do primeiro ao terceiro escalão do Ministério do Planejamento.

– É um exemplo de como a corrupção e a sonegação prejudicam o cidadão e aumentam o custo das operações. A corrupção é irmã gêmea da sonegação, elas andam juntas – disse Fábio Ejchel, da Receita Federal e integrante da equipe de investigações em São Paulo, que foi desmembrada da Lava-Jato.

Segundo o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, há também indícios de que o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas recebeu valores no início e no término do esquema, que teria vigorado até agosto de 2015.

– R$ 100 milhões de reais foram desviados de funcionários públicos que se privaram de suas necessidades básicas para abastecer os cofres de políticos. A gente não pode admitir que isso seja natural – afirmou o procurador Andrey Borges de Mendonça.

– Isso significa que a corrupção infelizmente não é um privilégio da Petrobras, ela está espalhada como um câncer em diversas entidades e instituições da nossa sociedade. Mostrou que o Ministério do Planejamento, no coração do governo, também estava atingido por esse mal.

Mendonça afirmou que a Operação Custo Brasil, que teve 14 mandados de prisão autorizados pela Justiça, foi uma resposta aos que comemoraram quando as investigações em torno do ex-ministro Paulo Bernardo foram retiradas da 13º Vara Criminal de Curitiba, comandada pelo juiz Sérgio Moro, por determinação do Supremo Tribunal Federal.

– Uma resposta também aqueles que celebravam com champanhe o declínio do caso em Curitiba, para mostrar que , na verdade, não é só Curitiba que faz investigação, o que faz muito bem, mas isso é uma meta de todas as instituições, de perseguir a corrupção. Aquelas que celebram que conseguiram retirar o caso do juiz Sérgio Moro e da Operação Lava-Jato, hoje foi uma demonstração que na verdade as investigações vão continuar onde quer que estejam – disse o procurador.


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