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Ex-contadora de Yousseff fará ONG para ajudar testemunhas de crimes

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SÃO PAULO — A contadora Meire Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Yousseff, um dos principais personagens da Operação Lava-Jato, vai montar uma ONG para apoiar testemunhas de crimes.

Meire, que não esteve envolvida na operação, mas ajudou os investigadores da Lava-Jato a entender a contabilidade do doleiro, se diz decepcionada com a Polícia Federal (PF). Ela afirma que foi “esquecida” ao término de suas colaborações.

A ex-contadora do doleiro explica que a ideia da ONG “Eu faço a diferença” é dar suporte jurídico, psicológico e até financeiro para pessoas que testemunharem os mais diversos crimes, desde pequenos delitos até casos de grande repercussão, como a Lava-Jato.

— Quando colaborei com as investigações, a PF relatou sobre a dificuldade de ter testemunhas, porque as pessoas têm medo. Depois de um tempo, senti isso na pele. Nosso papel não vai ser proteger, porque é o Estado quem deve fazer isso, mas vamos cobrar das autoridades que o façam — explica.

Ela conta que está cuidando agora das questões burocráticas para que o projeto saia do papel. A ONG vai contar com o apoio jurídico do escritório de Romeu Tuma Jr., que escreveu um livro que relata sua participação na Lava-Jato e pequenos escritórios.

Financeiramente, ela diz que o projeto será mantido com doações de empresas e venda de produtos, como cadernos e camisetas.

A ex-contadora de Yousseff conta que um dos motivos pelo qual decidiu levar a ideia da ONG adiante é a decepção com a PF e que atualmente acompanha muito pouco a operação.

— No início tinha total apoio, mas depois (os policiais) cortaram contato. Perdi amigos, meu trabalho, passei muitas dificuldades. Acompanho pelo noticiário. Foi um processo que me machucou muito, por isso prefiro ficar longe.

No mês passado, seu escritório na zona sul de São Paulo sofreu um incêndio cujas causas ainda são desconhecidas.

— Quando houve esse problema com o escritório não tive nenhum contato da PF para verificar quem poderia ter feito isso, fui esquecida. Durante os depoimentos me expuseram ao máximo e a preservação da testemunha tem que existir — reclama Meire, que espera que seu projeto incentive as pessoas a testemunharem.

O GLOBO procurou a Polícia Federal e aguarda um possível posicionamento.


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