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Em despedida, ministro da Justiça diz que gostaria de ter feito mais

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BRASÍLIA – Com discurso de despedida, o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, afirmou que gostaria de ter feito mais, ao se dirigir a indígenas do Acampamento Terra Livre 2016, instalado em Brasília, mas justificou que não haverá tempo suficiente.

— Nosso tempo foi muito curto, tem sido muito curto. O que pudemos tirar de dentro do armário do gabinete do ministro da Justiça, nós tiramos.

Cuidadoso em dizer que não estava no acampamento para defender o governo, Aragão aconselhou os indígenas a ficarem atentos aos movimentos da gestão Temer:

— Pelas informações que temos, haverá tentativa de revisar, de questionar os atos. É preciso não deixar retroceder nos direitos conquistados.

Aragão disse que ainda nesta quarta-feira deve assinar mais três portarias declaratórias, que fazem parte do processo de homologação das terras indígenas. Ao todo, segundo ele, serão 13 atos dessa natureza nos dois meses em que está à frente do Ministério da Justiça.

Ao deixar o evento, questionado se o governo acabou, Aragão negou que o ânimo seja de despedida. E disse que não haverá “transição”, porque o impeachment, da forma que está sendo processado, é um “golpe”.

— Esse governo está sendo assassinado. Então, não tem transição — disse.

O Acampamento Terra Livre está na 12ª edição e tem como pauta as reivindicações na área de terras, educação, saúde, entre outros. Assim que Aragão deixou o acampamento, os indígenas se dividiram sobre a conveniência de fazer um protesto na Esplanada contra o impeachment ou se ater, ao menos hoje, aos debates previstos no acampamento.

Ficou decidido que cada grupo fica livre para decidir sobre participar de atos relacionados ao impeachment. Cerca de mil indígenas, de todas as regiões do país, estão no acampamento, segundo lideranças da mobilização. De forma geral, os indígenas entendem que tanto faz se governo Dilma ou Temer, a pressão terá de continuar para garantir direitos.

A ida de Aragão não estava planejada, o que fez o ministro encontrar o espaço de debates, montado embaixo de uma lona, bem esvaziado. Aragão chegou a ser anunciado como ministro da Educação pela liderança que estava ao microfone no momento da chegada dele, mas a informação foi corrigida em seguida.

Devidamente identificado, Aragão subiu ao palco, mas novamente foi confundido por outra liderança que assumiu os trabalhos, que o anunciou como um simples representante do Ministério da Justiça: “Eugênio, aqui presente”. Imediatamente, corrigiu-se: “Opa, ministro, desculpe”.

Aragão foi procurador-geral da Funai e disse, ao ser interpelado por um indígena sobre o motivo de o governo ter acelerado demarcações apenas recentemente, em meio à crise, que só pode responder pelo seu período na Justiça, de cerca de dois meses.


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