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Dilma diz que lutará para voltar ao Planalto, se for afastada

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BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista à rede britânica BBC nesta quinta-feira que lutará para voltar ao Planalto, se for afastada do cargo pelo Senado na próxima semana, e que irá “resistir, resistir e resistir”. Para a presidente, receber a tocha olímpica representou também um momento de “tristeza”, já que há — sem citar diretamente o vice-presidente Michel Temer — “ameaça” de uma pessoa que “usurpa” seu trabalho e quer estar em seu lugar nas Olimpíadas.

— Nós continuaremos lutando para voltar ao governo, se o pedido de impeachment for aceito. Lutaremos para resistir, resistir e resistir. Lutaremos para garantir que voltaremos vitoriosos. O que eu defendo e o que meus aliados defendem é que esse impeachment é ilegítimo e ilegal, porque é baseado em uma farsa — disse a presidente.

Dilma disse que, para aprender “o lado certo da democracia”, não é preciso viver “o terror e a tragédia” da ditadura militar.

— Eles te torturavam pelo tempo que eles queriam. Eles mantinham sua tortura. Muitas pessoas morreram. Não precisa viver aquele terror, aquela tragédia para aprender que democracia é o lado certo da História — disse Dilma, depois de explicar o processo de prisão e tortura na ditadura.

— Eu, pessoalmente, fiquei presa três anos. Havia um tipo de ritual em que primeiro você era preso. Depois, ficava em detenção sem contato com o resto do mundo. Sem conexões. E eles te torturavam pelo tempo que eles queriam. Eles mantinham sua tortura.

A presidente disse que, ao mesmo tempo que a tocha olímpica, recebida por ela no Palácio do Planalto na última terça-feira, representa todo o “esforço” para fazer os jogos bem-sucedidos, também simboliza “tristeza”, porque uma pessoa que “usurpa” seu trabalho pode lhe substituir. Dilma não citou diretamente o vice-presidente Michel Temer.

— Ao mesmo tempo, representa uma certa tristeza, porque há uma ameaça de que eu não vou aparecer como presidente nas Olimpíadas que eu construí. Estará uma pessoa que usurpa o meu trabalho — declarou Dilma Rousseff.

Nesta quarta-feira, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão especial de impeachment no Senado, defendeu a abertura do processo de impeachment de Dilma, em razão de crimes de responsabilidade nas pedaladas fiscais no ano passado e na edição de decretos de crédito suplementar, também em 2015. Nesta quinta, o relatório será discutido e, nesta sexta, votado. No dia 11, o plenário da Casa vai decidir se afastará Dilma do cargo.

Dilma disse ainda que é uma “vítima inocente” e que o combate à corrupção avançou em seu governo. Ela negou que tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras porque a corrupção é, “por definição, escondida”.

Para Wyre Davies, jornalista que entrevistou a presidente, mostrou-se “impressionado” com a “indiferença” da presidente às análises de que há fortes chances de ela não voltar ao cargo de um afastamento, e que ela “claramente” acha que retornará ao Planalto. Davies ressalva que Dilma repete que foi eleita por 54 milhões de votos mas não se refere à sua baixa popularidade.

O apresentador avaliou que Dilma pareceu “mais determinada do que nunca” a continuar lutando, e que ela está mais “tranquila e preparada para sorrir” do que jamais esteve. Wyre Davies também disse que poucas pessoas no país estão empolgadas com as Olimpíadas, que acontecerão em três meses. Davies ressaltou que a presidente nega saber de escândalos de corrupção na Petrobras, “mesmo que tenha sido a presidente do Conselho (de Administração)”.


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