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Dilma diz a jornalistas estrangeiros que não é uma mulher fraca

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BRASÍLIA – Em café com jornalistas estrangeiros, a presidente Dilma Rouseff disse nesta quinta-feira que não é uma mulher fraca. Segundo o diário inglês The Guardian, a presidente insistiu que não há justificativa legal para o impeachment e que qualquer tentativa de tirá-la do poder ilegalmente deixaria cicatrizes profundas na democracia brasileira. Na entrevista de 90 minutos a seis veículos internacionais, Dilma disse que a paz vai reinar no Brasil quando começarem as Olimpíadas.

A presidente também repetiu que não irá renunciar e afirmou que qualquer tentativa de tirá-la do poder sem justificativa legal seria golpe.

— Por que eles querem que eu renuncie? Por que sou uma mulher fraca? Não, eu não sou — disse Dilma, segundo o Guardian.

A publicação afirmou que Dilma explicou que seus rivais políticos querem que ela renuncie para “evitarem a dificuldade de a removerem de forma injustificável, ilegal e criminosa”.

The Guardian conta que Dilma apontou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que deu início ao processo de impeachment, é réu por corrupção. Na entrevista, diz o jornal inglês, a presidente afirmou que a oposição não aceitou a derrota apertada que sofreu nas últimas eleições e vem lançando mão da estratégia do “quanto pior, melhor”, sabotando a agenda legislativa e afundando o país.

Dilma se disse favorável aos protestos, porque veio de “uma geração em que se você abrisse a boca poderia ir para a prisão”. Ela pontuou, no entanto, que os que foram às ruas pelo impeachment representam menos de 2% da população brasileira. A presidente também criticou “métodos fascistas” usados por alguns opositores.

Ao repetir o discurso que tem adotado diariamente, de que impeachment sem justificativa é golpe, Dilma disse aos jornalistas estrangeiros que o golpe de agora não se assemelha ao golpe militar da década de 60.

— Eu não estou comparando o golpe de agora com os golpes militares do passado, mas seria a ruptura da ordem democrática do Brasil — disse, segundo o Guardian.

A presidente também defendeu aos jornalistas estrangeiros a nomeação de Lula para ministro da Casa Civil, dando a mesma justificativa que vem dando publicamente: que um ministro não é imune às investigações e questionando se a Suprema Corte não é boa o suficiente para investigá-lo.

Segundo os repórteres do Guardian, Bruce Douglas e Jonathan Watts, Dilma estava animada e calma ao longo de toda a entrevista e só demonstrou irritação quando perguntada sobre a decisão do juiz Sérgio Moro de divulgar as conversas que teve com Lula, o que ateou mais fogo na crise política. Ao defender que houve violação da privacidade, dizem os jornalistas, Dilma bateu na mesa.

PROTESTOS PELO IMPEACHMENT

O diário americano The New York Times conta que Dilma comentou sobre como os protestos pelo impeachment a afetam pessoalmente.

— Não vou dizer que é agradável ser vaiada, mas eu não sou uma pessoa depressiva. Eu durmo bem à noite — afirmou.

Com relação às acusações que pesam sobre o marqueteiro de suas campanhas eleitorais, João Santana, Dilma negou que tenha recebido financiamento ilegal. Perguntada se aceitará a decisão do Congresso de tirá-la da Presidência, caso o impeachment seja aprovado, Dilma respondeu:

— Nós iremos apelar com todos os métodos legais disponíveis.


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