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Deputados criticam transmissão de pronunciamento de Cunha

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BRASÍLIA – Enquanto o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fazia um pronunciamento no Hotel Nacional, em Brasília, deputados criticaram o fato de a TV Câmara transmitir, em seu canal no YouTube e no canal interno da Casa, a fala de Cunha, afastado do cargo e do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Primeira a denunciar o ocorrido, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) fez uma representação à Mesa Diretora da Câmara, na tarde desta terça-feira, pedindo que o presidente afastado devolva à Casa os valores gastos com a transmissão do pronunciamento.

A TV Câmara enviou uma equipe ao local para transmitir o evento pela internet, interrompendo a transmissão dos trabalhos das comissões no canal interno da Casa. O canal principal, que transmite as sessões plenárias, não exibiu nenhum trecho da fala do peemedebista.

— Temos que zelar pela publicidade dos atos do Parlamento. A prioridade é o trabalho parlamentar, e ele deixou de ser apresentado porque há um comando leal do senhor Eduardo Cunha. Há iniciativas administrativas a serem tomadas e inclusive de ressarcimento aos cofres da Câmara pelo deputado Eduardo Cunha, porque a estrutura da Câmara foi mobilizada para trabalhar para ele. Ele nos transformou em um poder refém dos seus interesses pessoais e criminosos — criticou a deputada.

Líder do PPS, o deputado Rubens Bueno (PR) também criticou:

— Não é possível que a TV Câmarase utilize de servidores desta Casa para essa entrevista. Se isso aconteceu, a Presidência deve mandar apurar, a Mesa não está aqui a serviço de Eduardo Cunha. Ele está com o mandato suspenso e, por consequência, afastado da Presidência da Câmara — disse.

Os diretores da TV Câmara responderam às críticas e negaram qualquer influência de Eduardo Cunha na decisão de transmitir o pronunciamento. Os jornalistas alegaram “nítido interesse jornalístico”, inclusive pela possibilidade de o presidente afastado renunciar durante o evento.

— A programação principal em nenhum momento deixou de transmitir a sessão plenária. Transmitimos o pronunciamento no canal interino e fomos (ao local) unicamente por interesse jornalistico. Quer queira, quer não, ele é o presidente da Câmara, mesmo afastado. Havia nítido interesse jornalístico — disse Silvério Rios, diretor da TV Câmara.

Uma das críticas de Maria do Rosário foi o fato de que, além da transmissão via YouTube da Câmara, o pronunciamento também foi exibido no canal interno, interrompendo a transmissão de trabalhos das comissões. Rios admitiu que isso ocorreu, mas alegou, novamente, que o critério foi do que teria interesse público.

— No canal alternativo isso realmente aconteceu, mas a gente achou que era importante transmitir aquilo. Foi um critério jornalístico — disse.

Diretor de mídias da TV Câmara, Carlos Henrique Novis disse que o deputado Giacobo (PR-PR) chegou a ligar para pedir a interrupção da transmissão, mas que o pronunciamento já tinha terminado. Giacobo presidia a sessão quando Rosário pediu que ele suspendesse a transmissão.

— Não tive nenhuma ordem para transmitir ou não transmitir, quando o Giacobo pediu para suspender já tinha acabado. Estou muito tranquilo porque não fiz nada para beneficiar ninguém. Fiz porque era de interesse público, é obrigação nossa cobrir — completou.

Novis contou que, no YouTube, a TV Câmara pode transmitir vários eventos simultâneos, como ocorreu hoje. E que havia 11 mil pessoas acompanhando o pronunciamento de Eduardo Cunha no YouTube da Câmara, muitos deles deputados federais.


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